São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997 |
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Sundance apresenta seus iniciantes
ADRIANE GRAU
O festival de Robert Redford se encerra domingo em Park City (Utah, Estados Unidos). Cercado pelos 16 diretores de documentários exibidos ao longo do festival, Geoffrey Gilmore lembrou a importância desse tipo de filme no contexto cinematográfico atual. "Mais de um terço dos filmes inscritos para a seleção neste ano eram a respeito de historias verdadeiras", afirmou Gilmore. "Impressiona-me ver que Hollywood se afastou completamente da narração objetiva e mesmo filmes como 'JFK' ou 'Nixon' (ambos de Oliver Stone), que deveriam ser documentários, são obras de ficção." Definição A melhor definição dos motivos que levam tais cineastas a optar por fazer documentários partiu de Jan C. Wagner, a diretora, editora e co-produtora do filme "Girls like Us". A produção segue a trajetória de quatro adolescentes da classe trabalhadora no sul da Filadélfia durante quatro anos. "Nós somos compelidos a fazer tais filmes", disse ela. "Não os fazemos para conquistar a capa do 'New York Times', e sim para mostrar algo que julgamos importante." Perguntados sobre a possibilidade de tentarem resolver na tela problemas pessoais, os documentaristas escutaram na voz de Su Friedrich, diretora e roteirista de "Hide and Seek", a melhor defesa de sua causa. "Não acho que fazemos terapia em forma de cinema", afirmou ela. "Já fiz terapia e sei que é bem diferente." "Hide and Seek" trata de lesbianismo durante a adolescência. Verdade Macky Alston, diretor de "Family Name", que fala sobre a trajetória de descendentes de escravagistas e escravos em Carolina do Norte, parece concordar com Su Friedrich. "Eu nem queria ter que lidar com o fato de ser descendente de proprietário de escravos", afirma ele. "Fazer o filme me fez encarar a verdade". Os cineastas aproveitaram para confrontar Gilmore sobre a obrigatoriedade de levarem cópias em película, que custam em torno de US$ 25 mil, para apresentação no festival. Segundo eles, muitos filmam em formatos mais baratos, como Betacam e Hi-8mm. "Somos um festival de filmes e tentamos nos manter assim", justificou Gilmore. "E também não temos salas de projeção equipadas para vídeo." Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: Gilmore fala sobre o Brasil Índice |
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