São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
Próximo Texto | Índice

Júri condena Pádua a 19 anos de prisão

SERGIO TORRES

SERGIO TORRES; MÁRIO MOREIRA; WILSON TOSTA; ANA MARTINS
DA SUCURSAL DO RIO

Juiz afirma que ator exteriorizou personalidade violenta e covarde; lei permite liberdade em março de 99

O ator Guilherme de Pádua, 27, foi condenado ontem a 19 anos de prisão em regime fechado. O julgamento terminou quatro dias após seu início.
Os jurados do 2º Tribunal do Júri consideraram, por cinco votos a dois, Pádua culpado da acusação de ter matado a atriz Daniella Perez dia 28 de dezembro de 1992, na Barra da Tijuca (zona sul do Rio).
Na sentença, o juiz José Geraldo Antônio, presidente do júri, afirma que a conduta de Pádua "exteriorizou uma personalidade violenta, perversa e covarde, quando destruiu a vida de uma pessoa indefesa, sem nenhuma chance de escapar ao ataque do seu algoz".
O advogado do réu, Paulo Ramalho, disse que só recorrerá caso a promotoria entre com recurso tentando aumentar a pena.
Ao chegar ao presídio Ary Franco (Água Santa, zona norte), após o julgamento, Pádua disse que já esperava a condenação.
"Não acho justo. As alegações de meu advogado foram melhores que as da acusação. No entanto, ele não pôde receber os louros porque já era um julgamento de cartas marcadas", afirmou Pádua.
A decisão de Ramalho de não recorrer se deve ao fato de que, quando completar um terço da pena, o condenado terá direito a requerer progressão do regime (liberdade antes do tempo previsto).
Se a Justiça concordar, Pádua será solto após cumprir seis anos e três meses da pena. Como está preso há quatro anos e um mês, poderá ir para a rua em março de 1999.
Acusado da prática de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e sem dar à vítima condições de defesa, Pádua poderia ter sido condenado de 12 a 30 anos.
Ao fixar a pena em 19 anos, o juiz evitou a realização automática de um segundo julgamento. Todo réu condenado a mais de 20 anos de prisão tem direito a novo júri.
Apesar de se dizer satisfeito com a decisão do júri, que acolheu integralmente a tese da acusação, o promotor José Piñeiro Filho disse que examinará durante a semana a possibilidade de preparar um recurso tentando aumentar a pena. Ele tem cinco dias para recorrer.
Os jurados permaneceram na sala secreta das 6h10 às 7h50. Em cinco quesitos, a defesa de Pádua foi derrotada por 5 votos a 2. No quesito que falava da motivação torpe, a derrota foi por 4 a 3.
Ré do processo da morte de Daniella Perez, a ex-mulher de Pádua, Paula Thomaz, deverá ser julgada em abril. Ele chegou a comparecer ao tribunal na quarta, mas o julgamento foi desmembrado.
Para a promotoria, a condenação de Pádua não exercerá influência no julgamento de Paula. "Cada júri é um júri", afirmou o promotor Piñeiro Filho.

Colaboraram Mário Moreira e Wilson Tosta, da Sucursal do Rio, e Ana Paula Martins, do "NP"

LEIA MAIS nas págs. 2, 3 e 4

Próximo Texto: As perguntas ao júri
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.