São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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'Vizinhos' crescem mais que Ribeirão

LUCIANA CAVALINI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Cidade pequenas, localizadas em um raio de até 50 km de Ribeirão Preto, apresentam tendência de crescer mais que a cidade-sede da região nordeste, segundo apurou o censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano passado.
Serrana (31 km de Ribeirão) foi a cidade que mais cresceu nos últimos cinco anos, 23,39%, passando de 23.160 habitantes, em 91, para 28.578, em 96.
Luiz Antonio e Brodósqui vêm na sequência, com crescimento de 17,98% e 12,58%, respectivamente, de acordo com o IBGE.
Inédito
Apesar de não ser a primeira vez que essas cidades apresentam crescimento superior ao de Ribeirão, o demógrafo José Marcos Pinto da Cunha afirma que é inédito o fato de a população aumentar nesses locais em virtude da migração de pessoas oriundas da cidade-sede da região, no caso Ribeirão.
Cunha é pesquisador do Núcleo de Estudos de População da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"Esta é uma tendência que já estava sendo observada em regiões como São Paulo e Campinas. Em Ribeirão, esta é uma das novidades do censo de 96", disse.
Qualidade
A segurança é o principal fator que levou a família da secretária Elaine Cristina Rastelli, 18, manter residência em Serrana. Por isso, ela viaja cerca de 60 km por dia para trabalhar.
"Prefiro viajar para Ribeirão e manter a qualidade de vida. Foi a melhor opção."
São as estatísticas policiais que revelam os números de homicídios e acidentes em Ribeirão que afastam pessoas como Elaine do município.
Enquanto a Polícia Civil registrou apenas dois homicídios em 96 em Serrana, houve 180 em Ribeirão no mesmo período.
Os números de acidentes também revelam a disparidade de estilo e qualidade de vida entre as duas cidades -são registrados cerca de 900 por mês em Ribeirão contra uma média de 26 em Serrana.
Apesar de pacata, os sinais do crescimento já são perceptíveis em Serrana, segundo Elaine.
"Muitas gente de cidades próximas tem vindo a Serrana para frequentar bares", afirma.
"A cidade está tendo mais opções de lazer."
O aposentado Pedro Dinardi, 58, mudou com a mulher para a cidade há dois anos.
"Quis fugir da violência de cidades maiores, como Ribeirão. Foi a melhor opção."
Em Brodósqui (35 km de Ribeirão), a situação é parecida.
Segundo o cabo da Polícia Militar José Carlos da Silva Rocha, 32, o último homicídio aconteceu em junho de 96 e são apenas oito acidentes por mês.
Motivos
Enquanto os moradores afirmam preferir essas cidades por causa da qualidade de vida, os administradores enfatizam o desenvolvimento delas.
O vice-prefeito de Luiz Antonio, Natal Ângelo Rufato, afirma que o principal estímulo do crescimento foi a instalação de fábrica de papel e celulose da Votorantin há cerca de três anos.
A empresa emprega cerca de 1.400 pessoas.
A relações-públicas da Votorantim, Rosa Maria Thienne, diz que há 250 famílias que vieram de outras cidades e moram na vila construída pela empresa.

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