São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Olacyr perde trono, mas mantém pose

"Quem foi rei sempre será majestade", diz

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Olacyr de Moraes pode ter perdido o trono, o cetro e a coroa de Rei da Soja. Mas não abre mão da realeza.
"Quem foi rei sempre será majestade", brincou Moraes, ao ser perguntado sobre o título de maior produtor de soja do país.
"Não estou ligando pra esse negócio de coroa e acho ótimo que tenha chegado a vez dos jovens", afirmou, referindo-se ao concorrente Blairo Maggi.
Ele diz que toda a soja que vende é plantada em suas próprias terras, o que não aconteceria com Maggi. Este afirma que compra de terceiros apenas um pequeno percentual do que vende. Moraes afirma ter entre 50 mil e 60 mil hectares de soja plantada e espera colher cerca de 150 mil toneladas neste ano.
O veterano empresário, 65, orgulha-se de ter desbravado o Centro-Oeste e o Norte do país. "Essas coisas ficam aqui, isso é o que importa", diz.
Mas lamenta estar passando por dificuldades de financiamento para suas atividades pioneiras, como a Ferronorte e a usina elétrica de Cuiabá (MT). Seu grupo, o Itamarati, contratou o Banco Bozano, Simonsen para renegociar um passivo entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão.
Sobre o andamento das conversas com os credores, Moraes silencia. O empresário diz que o grupo "está seguindo", apesar dos percalços. Depois de décadas de trabalho e sucesso como empreendedor, Moraes está decepcionado e triste.
"Triste não é a situação do grupo, e sim o nosso estado de espírito. É uma tristeza, uma frustração total."
Moraes urge por uma intervenção do governo, a seu favor. Com R$ 200 milhões a R$ 300 milhões, o grupo poderia se reequilibrar, calcula.

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