São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Brasil esquece jogadores pelo mundo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A transferência para o exterior sempre foi sonho e garantia financeira para os jogadores de futebol. Mas, em alguns casos, a mudança de país pode levar ao ostracismo.
Vários atletas que deixaram o país tiveram sucesso no estrangeiro; muitos foram esquecidos pelo público brasileiro.
Anderson, por exemplo, é o jogador nacional de maior prestígio na França. Com passagens por Vasco e Guarani, o atleta brilha no Monaco e é mais reconhecido pelos franceses que Raí ou Leonardo, do Paris Saint-Germain. Para os brasileiros, quase não existe.
Situação parecida vive Guilherme, no Rayo Vallecano, da Espanha. O ex-centroavante do São Paulo se firmou como um dos artilheiros mais regulares do futebol espanhol nas últimas temporadas, mas é ignorado no Brasil.
Nomes que brilharam há pouco tempo em clubes nacionais, como Beto (ex-Botafogo) e Edílson (ex-Palmeiras) já têm que lutar contra o anonimato, mesmo fazendo sucesso no exterior.
Beto é um dos poucos brasileiros que se sustentam no Campeonato Italiano, defendendo o Napoli.
Edílson, por sua vez, foi vice-artilheiro do Campeonato Japonês.
Na Alemanha, um atacante tem hoje quase o mesmo prestígio de Klinsmann. Élber, vice-artilheiro do Campeonato Alemão com dez gols, está prestes a trocar o Stuttgart pelo Bayern de Munique.
Depois de mudar para a Europa quando ainda era júnior, o atacante pouco foi lembrado no país.
Em Portugal, o grande nome do momento não é Jardel nem Donizete. Artur, atacante do Porto, vem sendo apontado pela imprensa portuguesa como um dos fenômenos atuais do futebol mundial.
No Brasil, no entanto, o jogador não passa de um desconhecido.
Marcelo, meia-atacante que brilhou no Cruzeiro no Brasileiro-95 e na Copa do Brasil-96, trocou o país pelo PSV, da Holanda.
Depois de um período instável, em que encontrou dificuldades de adaptação, o atleta assumiu a posição de titular na equipe holandesa e já é apontado como sucessor de Romário e Ronaldinho no time.
O sucesso, porém, se restringe hoje à Holanda. O ex-cruzeirense é só mais um Marcelo pelo mundo.
Na Inglaterra, o fracasso do Middlesbrough é explicado, em grande parte, pela ausência do brasileiro Emerson em várias partidas.
Contratado sem o mesmo alarde de Juninho, o jogador caiu nas graças da torcida como seu conterrâneo. Ex-ídolo do Porto, fez três gols no Inglês. Só não marcou mais porque sua mulher não se adaptou à Inglaterra e o obrigou a fugir, mais de uma vez, para o Brasil, país que o desconhece.
Silas, o mesmo meia que brilhou no São Paulo na década de 80, é um digno representante do futebol brasileiro na Argentina.
O jogador, um dos ídolos do San Lorenzo, sumiu dos noticiários por aqui, mas ganhou algo que é muito difícil para os atletas nacionais: o respeito dos argentinos.

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