São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Curso e terapia curam medo de guiar

MARCELO TADEU LIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dirigir no trânsito tumultuado e quase sempre pouco educado das grandes cidades, parar o carro em ladeiras e trafegar entre motocicletas, ônibus e caminhões. Para aqueles que tremem apenas em imaginar essas hipóteses, há uma luz no fim do túnel.
Cursos de desinibição e direção defensiva (ensina como dirigir com maior segurança) ou terapia com psicólogo especializado prometem ajudar a enfrentar o medo e a recuperar a autoconfiança.
"Muitos motoristas não dirigem por simples insegurança ou por traumas mais sérios, causados por acidentes graves", diz Luiz Fonseca, 37, piloto que ministra aulas de desinibição e direção defensiva.
Em aulas práticas, realizadas no veículo do aluno, os instrutores ensinam a manter a calma em situações rotineiras (enfrentar ladeiras, por exemplo).
As aulas de desinibição duram, em média, uma hora e meia. O motorista vai realizar uma segunda auto-escola: reaprende a manobrar o carro, a sair em subidas, frear e acelerar com desenvoltura.
As aulas terminam quando o motorista se sente realmente apto a enfrentar sozinho o trânsito.
Trauma
Para quem pensava que jamais voltaria a guiar um carro, as aulas de desinibição e direção defensiva funcionaram plenamente.
É o caso da publicitária Cristiane Regina Rodrigues, 29, que passou pela experiência desagradável de dois acidentes.
"Tinha carteira de habilitação, um carro na garagem e um trauma muito grande a superar."
A publicitária, após quatro aulas de desinibição, já arrisca a dar umas voltinhas com seu Gol CLi 95. "Outro dia fui ao shopping. Foi uma grande vitória. Logo vou começar a dirigir até o trabalho."
Já a dona-de-casa Maria do Amaral de Jesus, 39, proprietária de um Tipo 95, passou por mais de dez aulas. "Meu problema não é decorrente de nenhum trauma, mas de insegurança mesmo."
Para Maria, dirigir era um verdadeiro bicho-de-sete-cabeças. "Hoje saio de casa sozinha. Caminhões já não me assustam."
Psicologia
Para enfrentar situações mais críticas, o psicólogo Salomão Rabinovich, 51, do Cepat (Centro de Psicologia Aplicada ao Trânsito), defende a terapia como solução.
Segundo o psicólogo, o ato de guiar é muito mais complexo do que se imagina.
"Pode transformar-se num trauma, limitando outras áreas de atuação. Em situações mais críticas, o veículo passa a ser ligado a uma imagem de morte."
Em 12 anos -tempo de atuação do Cepat-, a entidade atendeu cerca de 5.000 motoristas, segundo Rabinovich. "Não entramos no carro para ensinar a dirigir corretamente. Apenas tratamos o assunto de forma científica."

LEIA MAIS sobre cursos na pág. 6-3

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