São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Colecionador se dedica a uma marca

Restaurar é a maior paixão

LUCIANO SOMENZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os colecionadores de automóveis gostam de forrar a garagem com inúmeras marcas de épocas diferentes. Alguns deles, porém, têm predileção por um tipo especial de carro e se dedicam a ele com exclusividade.
A Folha conversou com alguns desses apaixonados que passam grande parte da vida na restauração e na coleção exclusiva de Jaguar, Alfa Romeo, Rolls-Royce e até de Ford Maverick.
Mais do que o gosto pelo automóvel, eles revelam que o longo processo de devolver brilho a um carcomido carro de época é a melhor terapia que existe.
"Vale mais do que um divã de analista", afirma o empresário Márcio Maia Rosa, 52, 20 dos quais dedicados a modelos Porsche.
Rosa conserva cinco carros autênticos e duas réplicas. A maior raridade do acervo é um Speedster 57, único no Brasil, que pertenceu a Ferdinand Porsche 3º, descendente direto e homônimo do lendário criador da marca alemã.
Carros cinematográficos
O comerciante George Wolfgang Hacker, 25, herdou do pai uma porção de automóveis antigos, mas conserva com todo o cuidado quatro norte-americanos Packard (produzidos em 38, 42, 47 e 52) e dois ingleses Rolls-Royce (feitos em 52 e 85).
A razão por essas marcas, segundo Hacker, está no requinte e no luxo que cada uma carrega. "Uma foi o topo de linha dos EUA e a outra, da Inglaterra. São carros cinematográficos", afirma.
Os carismáticos Ford Modelo A, produzidos nos anos 20 e 30 nos EUA, são a paixão do comerciante Roberto Paladino, 46. No seu quintal, há refúgio garantido para 12 deles, mas chegou a abrigar 26.
Paladino começou a ficar seduzido pelos Modelo A em 72, quando viu, em frente ao ponto de ônibus que tomava para ir trabalhar, um Modelo A 29 numa loja de carros usados. "Comprei e passei a ir trabalhar com ele mesmo", relembra.
Atualmente, ele trabalha na restauração da primeira picape comprada pela Prefeitura de São Paulo na década de 20: uma Ford A 29.
Quando tinha 13 anos, o técnico de exportação Osmar Alves da Silva, 36, viu pela primeira vez um Ford Maverick e prometeu a si mesmo que um dia iria ter um.
Hoje, Silva guarda num galpão no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, 10 Maverick, entre os quais uma perua fora-de-série, com apenas 150 exemplares produzidos no Brasil.
"Se eu vejo um e gosto, faço o possível para comprá-lo", diz.
Dono de mais de uma dezena de Jaguar, um empresário, que preferiu não se identificar, começou sua coleção depois que comprou, há 20 anos, um modelo inglês 65 junto com um Mercedes-Benz do mesmo ano.
"Não entendia porque o Jaguar custava cinco vezes mais que o Mercedes, depois percebi que o carro é uma obra de arte sobre quatro rodas que vale seu preço."

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