São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Ministério de FHC deve mudar em março

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A aliança política que garantir ao presidente Fernando Henrique Cardoso a chance de disputar um segundo mandato em 1998 vai moldar a segunda fase do governo, a ser iniciada depois da votação da emenda da reeleição.
Os aliados da nova fase trabalharão com a perspectiva de seis anos de poder, avaliam interlocutores de FHC. Alguns prevêem que a mudança constitucional representará um "divisor de águas" no governo. Ainda no primeiro trimestre de 1997, deverá surgir o ministério do palanque de 1998.
As mudanças deverão começar a aparecer em março. Este foi o prazo combinado por FHC com o ministro Nelson Jobim (Justiça) para que ele seja remanejado para o STF (Supremo Tribunal Federal).
Sem tamanho previamente definido, a reforma não chegará a representar uma revolução. O rateio do poder pode ser alterado, mas os personagens (no caso, os partidos) não mudam. O governo continuará de PSDB, PFL, PMDB, PTB e PPB.
Além da vaga de ministro da Justiça, uma outra já está previamente incluída na reforma: a de ministro dos Transportes, ocupada interinamente pelo também peemedebista Alcides Saldanha, desde agosto do ano passado.
Outra mudança considerada "natural" na cota do PMDB é a saída do ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos), que reassumiria o mandato de deputado.
Fator PMDB
O rumo da reforma política no governo está condicionado ao comportamento do PMDB na votação da reeleição. Embora o partido não tenha participado da aliança que elegeu FHC em 94, o PMDB integra o governo por conta de um apoio administrativo aprovado por seu conselho político.
Os governistas ainda trabalham com dois cenários: um mais conservador, baseado na adesão do PMDB ao projeto de reeleição, e um segundo, mais conturbado, de racha do partido.
Na hipótese de racha, a primeira vítima no primeiro escalão do governo seria o secretário de Políticas Regionais, Fernando Catão, cunhado do senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB).
Um eventual racha poderia levar a uma reorganização partidária, com repercussões no governo.
Não é só o PMDB que pode ter sua cota reavaliada no governo. O PTB (integrante da coligação que elegeu FHC) ficou pequeno para os postos que ocupa na Esplanada com os ministros Paulo Paiva (Trabalho) e Arlindo Porto (Agricultura).
O PPB é outra incógnita do cenário pós-reeleição. Apesar do projeto do ex-prefeito Paulo Maluf de se lançar candidato ao Planalto em 1998 pelo PPB, o partido pode ter ampliado seu espaço no governo por conta da dissidência comandada pelo ministro Francisco Dornelles (Indústria e Comércio).
Além da Esplanada
Fora da Esplanada dos Ministérios, o resultado do placar da reeleição também terá repercussões. Durante as negociações com os parlamentares, o governo prometeu estudar a divisão de cargos federais nos Estados.
A regra é que o rateio deverá acompanhar o peso do apoio das bancadas na votação da reeleição.
O governo também computa no rateio do poder da futura aliança eleitoral os postos de presidentes da Câmara e do Senado.
O governo está empenhado em dividir o comando do Congresso entre os dois maiores partidos da aliança: PMDB e PFL.

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