São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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'Cidade eterna' é um infindável caminhar

PASQUALE CIPRO NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Roma surpreende o tempo todo. No aeroporto, tudo pode começar bem. Ou mal. Talvez o policial de plantão não faça perguntas. Talvez resolva enchê-lo de perguntas.
Na alfândega, nova loteria. Bagagem vinda do Brasil não ostenta a etiqueta branca, com as bordas internas verdes, que indicam procedência de outro país europeu. Então pode haver uma simples pergunta ("Cosa porta nei bagagli?" - "O que traz na bagagem?"), ou uma humilhante revista. Por ser "sudamericano", você é suspeito.
Vencida essa etapa, pegue o trem para Termini, por US$ 8.
Não se atrapalhe com o dinheiro. Um dólar vale 1.550 liras. Isso não significa que a lira não vale nada. A Itália tem o mesmo dinheiro há décadas. Lá não houve conversões de 1.000 por 1. Quando morei lá, em 68, um dólar valia 625 liras. Hoje, vale pouco mais que o dobro.
Reserve o hotel aqui. É mais barato, e não há o risco de ficar sem vaga, carregando a bagagem para cima e para baixo. Sugiro a eficientíssima CIT (011-257-0099).
Roma mistura pessoas bem-humoradas com outras que não gostam de turistas. Mas isso não deve influenciar seu julgamento da cidade, nem tirar seu bom humor.
Depois de instalado, faça o fundamental: com um mapa, comece a andar. Roma deve ser descoberta a pé. E haja pé. O centro é interminável. A cada esquina, uma surpresa. Sentimo-nos crianças ao ver o "Coloseo". Apequenamo-nos diante do Panteão, da piazza di Spagna, da piazza Navona, do Vaticano, das ruas e becos.
Frio? Um memorável café ou chocolate em qualquer dos impecáveis bares, como o Miami (perto do Panteão), do simpático Eugenio, que anuncia seu incomparável café (US$ 0,60) na "mitica Faema, anni 70". Um amigo diz, numa feliz imagem, que na Itália "bar é farmácia", tal a limpeza.
Se a fome apertar, apele para a pizza "al trancio" (em fatias). Há inúmeras casas que vendem a delícia por peso, a bom preço. E continue caminhando, sem medo. A cidade é segura.
É hora de jantar. Em Roma há de tudo. Para gastar pouco, é aconselhável o menu turístico. Fuja dos restaurantes que estiverem atendendo excursões. Pagando de US$ 13 a US$ 16, você tem refeição completa, com vinho ou água mineral. Sugiro o La Toscanella, na via Modena, 54, perto da piazza della Repubblica. Atendimento e comida são de primeira, com supervisão pessoal do dono, Carlo.
É hora de dormir, para começar tudo de novo. Mais caminhadas. Roma é interminavelmente bela, apaixonante. Não é por acaso que Roma é um anagrama de amor.
Sem dúvida, Roma.

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