São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 1997
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Sem-terra são recebidos à bala no Pontal

Fazendeiro reage a invasão

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA

O proprietário da fazenda Concórdia, em Tarabai (610 km a oeste de São Paulo), Guilherme Prata, recebeu à bala na madrugada de ontem 400 famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que tentaram invadir sua propriedade.
"A próxima tentativa de invasão vai ter morte. Eles querem cadáver, vão ter", afirmou Prata, vice-presidente da UDR (União Democrática Ruralista).
A segurança na fazenda Concórdia, de 500 alqueires, estava sendo feita por Prata, seu pai, dois tios, três primos, uma irmã, o gerente, o capataz e o motorista. Prata disse que atirará para acertar se houver nova tentativa de invasão.
A Polícia Civil de Tarabai apreendeu quatro rifles calibres 44 e 38 e cinco revólveres calibre 38 em poder das pessoas que defendiam a fazenda. As armas foram devolvidas aos proprietários depois de apresentados os registros.
O fazendeiro, seus familiares e empregados fizeram cerca de 200 disparos na presença de dois policiais civis e cinco militares, segundo a PM. Os disparos duraram cerca de dez minutos. Os sem-terra se deitaram e recuaram. Havia crianças e mulheres. Ninguém se feriu.
O presidente da UDR, Roosevelt Roque dos Santos, disse que os tiros são manifestação pessoal de Prata. "Quem está com o problema na pele age emocionalmente."
Foi a 11ª invasão e o segundo tiroteio envolvendo fazendeiros e sem-terra no Pontal este ano. Há duas semanas, 350 sem-terra foram recebidos a tiros ao tentar invadir a fazenda Santa Rita.
O líder dos sem-terra José Rainha Jr. disse que, se não forem tomadas providências como desarmamento dos fazendeiros, a região vai se transformar em um Eldorado dos Carajás (PA). "Estamos caminhando para isso, e falta pouco." O MST disse que a fazenda é improdutiva. O Incra não confirma. Prata afirmou ter uma fábrica de ração, confinamento e 3.000 cabeças de boi.
Minas Gerais
Setenta famílias invadiram a fazenda Retiro do Boqueirão, no município de Unaí (653 km de Belo Horizonte). A ação foi coordenada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado.

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