São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Moradores se apertam em abrigo Desabrigados na zona leste são mais de 500 HENRIQUE SKUJIS
Maria Aparecida de Jesus, 77, está enfrentando sua 35ª enchente. "Quase todos anos, eu passo alguma semanas nesse abrigo", diz Maria, com um prato de macarrão e arroz na mão. Este ano, foram mais de cem casas atingidas. O número de desabrigados já passa de 500 e, segundo Weulex Carlos da Silva, administrador regional de São Miguel, deveria chegar a 600 até o final do dia de ontem. Invasão Quando os primeiros desabrigados começaram a procurar a Defesa Civil e a Administração Regional de São Miguel, duas escolas foram colocadas à disposição dos desabrigados. Uma delas, por ser longe das casas atingidas, não foi aceita pelos desabrigados, que invadiram uma terceira escola. A prefeitura convocou a Guarda Municipal, que tentou retirar as famílias, sem sucesso. Só às 18h de ontem, os "invasores" foram removidos para uma terceira escola. Com isso, a regional deixou de assistir muitos desabrigados. "Muita gente passou a noite sem comida e colchão", disse Lindalva Rodrigues, do Clube de Mães da Vila Mara. Segundo os desabrigados, algumas crianças adoeceram. "A administração regional não fez nada", disse Lindalva. O assessor da regional de São Miguel, Antônio Carlos de Carvalho, explicou que a escola invadida não era oficializada pela prefeitura e, por isso, não "podia atender aos desabrigados". Com os 500 desabrigados na região de São Miguel Paulista, já são quase 2.000 paulistanos morando em abrigos da prefeitura. A grande maioria é vítima das chuvas de 95 e 96 ou foi removida de áreas de risco. As condições de conforto e higiene dos abrigos são limitadas. "É pouco espaço para muita gente, espero que pare de chegar gente", diz Severino Pedro dos Santos, da Associação dos Moradores de Vila Itaim. Solução O governo estadual tem um projeto para a remoção de 500 famílias e a construção de um conjunto habitacional. O problema, segundo assessores do governador, seria encontrar um terreno na região. O deputado estadual Paulo Teixeira (PT-SP) retruca dizendo que o projeto está com o governo há mais de um ano. Ontem, com o avanço do rio e com a chuva, a região permanecia inundada. Segundo moradores, a água só deve baixar em pelo menos um mês. Texto Anterior: Número de mortes em MG sobe para 82 Próximo Texto: Os números da chuva em janeiro Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |