São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 1997
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Regra de limite de faltas passou por bom teste

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, a pergunta que ficou das partidas do último fim-de-semana foi a seguinte: deve ou não deve haver limite para o número de faltas cometidas por um time durante um jogo?
Flávio Prado, na Jovem Pan, durante a transmissão de Corinthians 2 X 0 Flamengo, no sábado, apresentou alguns argumentos contra a regra.
O primeiro, ao lembrar a simplicidade das regras de futebol. É corretíssima a tese que afirma que um dos segredos da crescente paixão pelo futebol é a acessibilidade de suas regras.
Esta é uma ponderação de fundo que precisa ser levada em consideração todas as vezes que se pensa na mudança de alguma coisa no futebol.
Mas ela também não deve ser fator inibidor de mudanças realmente necessárias em qualquer esporte (o vôlei, por exemplo, estuda adotar mudanças bastante arriscadas. É aguardar para ver).
Flávio Prado apontou também uma falha grave na implantação do sistema de limite de faltas: a ausência de uma sinalização adequada.
Flávio chamou, ainda, a atenção para o risco de se criar a falta pela falta, o "cavar" ou "forçar a falta", abrindo espaço para mais um tipo de jogada artificial no futebol.
(Peço desculpas ao Flávio Prado se não estou reproduzindo fielmente a argumentação por ele proferida no calor da transmissão do jogo).
A julgar apenas pela partida de sábado no Morumbi, a tese do limite de faltas dá ampla satisfação, embora não tenha influenciado diretamente o resultado (como não vi o jogo do Santos contra o Vasco, onde a regra participou diretamente do faturamento dos números finais da partida, não creio estar habilitado para um juízo definitivo sobre a questão).
Corinthians e Flamengo realizaram uma excelente partida de futebol, cheia de lances de gol e de momentos emocionantes, sem nenhuma expulsão (coisa que está ficando rara no futebol), sem violência e sem aquele excesso de paradas que torna o jogo monótono e irritante para o público.
Em compensação, no domingo, na final da copinha da teenbolada, no Canindé, sem a regra do limite, o que se viu foi uma partida truncada pelo excesso de faltas e pelas jogadas sem continuidade, justamente ali onde o futebol deveria ser mais alegre e mais solto.
Ainda que seja importante dar tempo ao tempo nessa questão, a tese do limite de faltas saiu momentaneamente vitoriosa nessa rodada.
*
Agradeço as sugestões de mudanças no futebol brasileiro enviadas como resposta à série "O futebol brasileiro na era da globalização", publicada nesta coluna em oito capítulos.
Alguns leitores escreveram pedindo colunas que perderam da série. Graças à boa vontade da Márion Strecker Gomes, a série completa dos artigos está disponível na estação de esporte do Universo On Line. O endereço é: http://www.uol.com.br/esporte/matiespo.htm.

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