São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 1997
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Vitae-97 garante realização de projetos

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Desde 1989, o professor aposentado da Unicamp (Universidade de Campinas) Modesto Carone vem elaborando o projeto de escrever duas novelas sobre a história de sua família.
Um dos vencedores do Programa Bolsas Vitae de Artes, ele agora vai poder se dedicar plenamente à confecção dos livros.
Carone foi um dos 20 selecionados pela instituição, entre 347 candidatos, que receberão entre R$ 1.200 e R$ 2.400 mensais, por um período de 6 a 12 meses.
A Vitae é uma organização civil sem fins lucrativos que apóia projetos nas áreas de Cultura, Educação e Promoção Social. As bolsas foram divididas nas áreas de dança, literatura, teatro e música (leia lista completa ao lado).
A primeira das duas novelas escritas por Modesto Carone já está praticamente pronta e se chama "Resumo de Ana".
É o relato da vida de sua avó materna, "uma pessoa muito inteligente, apesar de não preparada".
O autor conta sobre seu casamento com um francês, seus filhos, seus amigos etc.
"Meu objetivo é mostrar, com a saga dessa família, um pouco da história do Brasil."
Também venceram, na categoria literatura, o crítico literário Nelson Ascher e o jornalista Bernardo Carvalho, entre outros.
Na área de dança, cinco pessoas conquistaram a bolsa. Entre elas, a bailarina e coreógrafa Vera Sala, com seu projeto de pesquisa sobre "o corpo como criador de um texto e roteiro próprios".
Sem denominar sua teoria de "método", acredita que se revela muito mais como uma maneira de direcionar a dança. Desde 1989, Vera vinha organizando seu projeto, em meio a aulas de dança e espetáculos, mas só agora vai poder desenvolvê-lo efetivamente.
"Quando criava uma coreografia, indagava 'o quê' e 'como quero' passá-la para as pessoas. Daí, surgiram minhas idéias", conta.
Também foi durante o trabalho que o cenógrafo e figurinista José de Anchieta criou seu trabalho, com o qual conquistou a bolsa.
Há sete anos integrante do grupo Ornitorrinco, de Cacá Rosset, ele pretende transformar em livro suas concepções sobre o futuro do espaço cênico.
Para ele, a cenografia do próximo milênio vai "beirar a holografia", ou seja, muitos dos objetos selecionados para uma peça serão substituídos por projeções.
"No lugar de utilizar madeira, por exemplo, passaríamos a projetar imagens que simulassem esse material", explica Anchieta.
Em seu currículo, registram-se trabalhos com Antunes Filho e Augusto Boal, entre outros.
Na categoria música, entre os cinco ganhadores das bolsas Vitae está o projeto da organista Dorotéa Kerr. Seu objetivo é elaborar um catálogo, com fotos e fichas técnicas, dos órgãos existentes na cidade de São Paulo.
Professora de música da Unesp (Universidade do Estado de São Paulo), em 1984 fez tese sobre os órgãos do Brasil. Agora, Dorotéa quer detalhar mais sua pesquisa, escolhendo para isso a capital paulista."É um projeto caro, que a bolsa vai me ajudar a realizar."

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