São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tesouro assumirá dívida de R$ 4 bi

Origem é acordo com Alemanha

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Tesouro Nacional assumirá uma dívida de quase R$ 4 bilhões relativa ao acordo nuclear entre o Brasil e a Alemanha, em 1975, para a construção das usinas nucleares em Angra dos Reis, informou ontem o presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio.
Dúvidas sobre essa dívida -hoje sob responsabilidade da estatal Furnas Centrais Elétricas, que recebeu o débito da Eletrobrás- levaram o ministro Raimundo Brito (Minas e Energia) a suspender, na noite de anteontem, a assembléia de acionistas de Furnas que seria realizada ontem à tarde.
Pelo cronograma do governo, Furnas deverá ser privatizada até o início do ano que vem.
Segundo o presidente da Eletrobrás, os custos da dívida não podem ser transferidos aos compradores -que, nesse caso, seriam obrigados a repassar os custos às tarifas, causando ônus ao consumidor e potencial pressão inflacionária.
Foi combinado com a área econômica, então, que todo o custo excedente ao de geração de uma hidrelétrica do mesmo porte das usinas nucleares seria absorvido pelo Tesouro.
É o caso dessa dívida, gerada por atrasos no cronograma das obras e pelos custos financeiros daí decorrentes.
Assembléia
A assembléia adiada pelo governo tinha como objetivo promover a separação do ativo das usinas nucleares do patrimônio de Furnas, com vistas à privatização da estatal. Foi marcada nova assembléia para fevereiro.
"É preciso ajustar o contrato do acordo nuclear às regras do Tesouro, que entendeu ser necessária a adoção de ritual de providências, das quais só tivemos conhecimento à véspera da assembléia", disse Sampaio.
Na lei
A Constituição estabelece que energia nuclear é uma atividade privativa da União e, portanto, deve permanecer sob controle estatal.
A Nuclen Engenharia é a estatal encarregada de assumir as três usinas nucleares.
Isso representa reduzir o ativo de Furnas dos atuais R$ 17,28 bilhões para R$ 12,44 bilhões, ou 38,90%. Ou seja, o preço de Furnas para efeito de privatização também será menor sem as usinas.
As três usinas brasileiras entraram com o valor de R$ 4,84 bilhões na avaliação patrimonial realizada por Furnas.
Essa avaliação e a exclusão das usinas é fundamental para a fixação do preço de venda de Furnas no leilão de privatização.
Segundo Sampaio, os editais de licitação pública para escolha de uma consultoria independente que irá avaliar Furnas e a Eletrosul foram lançados ontem.
O Brasil possui três usinas nucleares, teoricamente. Angra 1 funciona de forma intermitente e as outras duas estão em obras.

Texto Anterior: Confira atuação de deputados e senadores
Próximo Texto: MST pede sermão contra fazendeiros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.