São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997 |
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Entidade começa a atuar em SP
FÁBIO SANCHEZ
O Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores Rurais), quase desconhecido entre os produtores rurais de São Paulo, ofereceu ajuda aos fazendeiros. O presidente da entidade, Narciso da Rocha Clara, visitou há alguns dias proprietários rurais do Pontal, onde, só este ano, já houve dez invasões comandadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Entre outros, Narciso reuniu-se com o presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, a quem se apresentou como defensor dos interesses dos fazendeiros. 'Desamparo' Há duas semanas, Narciso enviou ofício à Polícia Federal pedindo que o órgão interferisse contra a invasão da sede do Incra em São Paulo, realizada pelo MST. A PF enviou o pedido à sua Coordenação Judiciária, mas estranhou a iniciativa do fazendeiro, já que o próprio Incra não pediu sua interferência. "Os fazendeiros estão totalmente desamparados pelos governos estaduais e federal e expostos aos sem-terra", diz Narciso Rocha, gaúcho da Dom Pedrito, cidade onde fica a sede da entidade. Para marcar sua presença no cenário da disputa entre fazendeiros e sem-terra, o Sinapro pretende tomar iniciativas em defesa dos fazendeiros mesmo sem contar com procuração para isso. Alternativa à CNA Narciso pretende, por exemplo, processar o governador Mário Covas (PSDB) por eventuais prejuízos dos fazendeiros no Pontal. "A polícia estadual está prendendo funcionários das fazendas em vez de prender invasores sem-terra", diz Narciso. A entidade, criada em 95, procura ser uma alternativa à CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e não poupa críticas a esta entidade, que diz ter "abandonado totalmente os produtores". Depois de obter seu registro no Ministério do Trabalho, que já foi solicitado, o Sinapro pretende disputar com a própria CNA uma parte das verbas que esta entidade recebe de impostos rurais. Pelos cálculos de Narciso, a confederação tem um orçamento anual de cerca de R$ 80 milhões. Procurada pela Folha, a CNA não informou seu orçamento e nem comentou a formação da nova entidade. Marisa Mateus, chefe de gabinete do presidente da CNA, Antônio Salvo, disse apenas que o orçamento da entidade é formado pela contribuição sindical dos produtores rurais e por uma parcela do ITR (Imposto Territorial Rural). Texto Anterior: Sem-terra são acusados de roubo Próximo Texto: País perdeu R$ 7,8 bi com usinas de Angra Índice |
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