São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Rússia oferece regras contra 'risco Ieltsin'

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS (SUÍÇA)

Regras de jogo estáveis (e pró-mercado) no lugar de Boris Ieltsin, o combalido presidente da Rússia.
Foi essa, na essência, a mensagem velada que o primeiro-ministro russo, Victor Tchernomyrdin, tentou passar ontem na sessão inaugural da edição 1997 do Fórum Econômico Mundial, a maior concentração planetária de personalidades de governo, negócios e academia.
A inquietação entre o empresariado mundial com o estado de saúde de Ieltsin parece tão forte que Tchernomyrdin ganhou lugar à mesa inaugural, contrariando o programa original.
E usou o espaço para dizer que a Rússia construiu, nos últimos quatro anos, "uma sólida legislação", que, por sua vez, cria um "ambiente econômico confiável".
Lembrou, ainda, que parte desse "ambiente econômico confiável" está dado pelo fato de que a inflação despencou de 2.000% ao ano para os 21,8% registrados em 1996, "seis vezes menos do que em 95".
Tudo por US$ 20 bi
Tchernomyrdin só tocou uma vez no nome de Boris Ieltsin, para dizer que, nas eleições do ano passado, o eleitorado deu respaldo ao programa reformista do presidente, reelegendo-o e rejeitando o que chamou de "forças do revanchismo", em clara alusão aos comunistas.
Plano de médio prazo
Tchernomyrdin citou ainda as linhas gerais de um plano de médio prazo (até o ano 2000).
Os itens citados soam como música aos ouvidos de eventuais interessados em fazer negócios com a Rússia: reduzir o déficit orçamentário a 2% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas anualmente), dar garantias à propriedade, limitar os monopólios "naturais" (tipo petróleo), garantir a lei e a ordem e aumentar o consumo popular.
Tudo isso para tentar seduzir os mais de mil empresários que estão em Davos para que engrossem a corrente de investimentos na Rússia, que Tchernomyrdin espera que cheguem a US$ 20 bilhões até o ano 2000.
Além do primeiro-ministro russo, está presente ao fórum o vice-primeiro-ministro, Anatoli Tchubais, considerado o último porta-voz do neoliberalismo no governo.

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