São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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China calou dissidentes, dizem EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Sai relatório anual

China calou a oposição, dizem EUA
O Departamento de Estado dos EUA acusa os "aparelhos de segurança" da China de terem "silenciado toda a dissidência pública no país" no seu relatório anual sobre as condições do respeito aos direitos humanos no mundo, enviado ontem ao Congresso.
A secretária Madeleine Albright vai à China em fevereiro. Na sua primeira entrevista coletiva no cargo, semana passada, ela afirmou que iria dizer aos líderes chineses "como é que as coisas são" na área de direitos humanos.
A divulgação do relatório às vésperas do seu embarque pode provocar uma recepção fria em Pequim. O governo Clinton tem tentado balancear a denúncia de abusos contra os direitos humanos na China com uma relação comercial intensificada entre os dois países.
"O governo chinês em 1996 continuou a cometer generalizados abusos contra os direitos humanos bem documentados, produto da intolerância das autoridades em relação a dissidências, do medo e da contínua ausência de leis que protejam as liberdades básicas."
Embora alguns analistas achem que Albright vai colocar mais peso do que seu antecessor, Warren Christopher, no prato da questão dos direitos humanos, ontem seu secretário-assistente John Shattuck defendeu a política de manter a condição da China como nação privilegiada para o comércio com os EUA: "A situação dos direitos humanos nunca melhorou quando a China foi isolada", disse.
Além da China, os outros países mais criticados pelo relatório foram Nigéria, Cuba e Myanma.
Quem recebeu elogios por progressos foram: Bósnia, Romênia, Haiti, Guatemala, Gana, Libéria, Mali e Serra Leoa.
Sobre a Nigéria, o relatório diz que o desempenho do governo militar em relação aos direitos humanos continua sendo "desanimador". O regime do general Sani Abacha "faz uso regular de prisões arbitrárias e de provocações para silenciar seus críticos. Forças de segurança cometeram execuções extrajudiciais, torturaram e surraram suspeitos e prisioneiros; as condições das prisões permanecem uma ameaça à vida".
Sobre Cuba, o Departamento de Estado diz que seu governo "continua sendo um anacronismo totalitário". Afirma que as condições de respeito aos direitos humanos no país se deterioraram em 1996 e que "a supressão de dissidentes piorou". Segundo o relatório, o Ministério do Interior cubano "mantém sistema de vigilância executado por agentes secretos".
A situação na Rússia, de acordo com a avaliação do Departamento de Estado, é ambígua. Há elogios no relatório à eleição presidencial, mas críticas ao sistema carcerário e à manutenção da prática de longos períodos de prisão antes que o julgamento dos acusados ocorra. Além disso, "jornalistas que cobrem assuntos controvertidos têm sido sujeitos a pressões, violência física e até morte, e o governo parece indiferente".

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