São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997 |
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Tereiros fazem luto pela morte de Carybé
LUIZ FRANCISCO
Entre as pessoas que participaram do enterro estavam o governador baiano, Paulo Souto (PFL), o prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy (PFL), e os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. Atendendo recomendação médica, Jorge Amado e sua mulher deixaram o cemitério Jardim da Saudade meia hora antes do enterro. "Estou muito emocionado e não consigo falar mais nada", disse Amado. O escritor era amigo de Carybé desde 1938. A missa de corpo presente, que estava prevista para às 10h na capela do cemitério Jardim da Saudade, foi cancelada. Minutos antes do sepultamento, os amigos e parentes de Carybé rezaram o "Pai Nosso" e interpretaram o "Canto para Eguns" (saudação de despedida para os pais-de-santo). Os terreiros de candomblé da Bahia também decretaram luto pela morte do artista plástico. Durante uma semana, eles vão permanecer em silêncio. Carybé morreu anteontem à noite de parada cardiorespiratória, antes de ser atendido pelos médicos do Hospital Roberto Santos. O artista plástico, de 86 anos, passou mal quando participava de uma reunião com amigos no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Carybé foi levado para o Hospital Roberto Santos, centro médico mais próximo do local em que se encontrava. O médico particular do artista plástico, Otávio Messede, disse que ele sofria de problemas respiratórios havia mais de 15 anos. O corpo de Carybé chegou ao cemitério Jardim da Saudade por volta das 2h de ontem, conduzido por sua mulher Nancy e pelos filhos Ramiro -que também é artista plástico- e Solange. Último pedido Antonio Imbassahy disse ontem que o último pedido de Carybé -a reforma do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá- será atendido. Durante a reunião de anteontem no terreiro de candomblé, Carybé assinou um documento pedindo que as obras fossem realizadas pela prefeitura. O governador Paulo Souto decretou ontem um dia de luto na Bahia. "Os desenhos, telas e quadros de Carybé levaram a Bahia para todo o mundo", disse o governador. Segundo Paulo Souto, a morte de Carybé "é uma grande perda para a cultura baiana". As últimas obras de Carybé em Salvador foram o Parque de Esculturas no MAM (Museu de Arte Moderna) e o gradil do projeto de urbanização da praça da Piedade (centro). Dentro de três semanas o artista plástico deveria participar na Espanha de uma exposição promovida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Texto Anterior: Três em um; Nas barbas da PM; Louco para tudo Próximo Texto: Escritor 'viaja' três meses por ruas de Curitiba Índice |
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