São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997
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Soprano de ES grava Villa-Lobos na Suécia

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A soprano capixaba radicada em Viena, Eliane Coelho, 48, vai gravar o primeiro CD comercial de sua carreira. Em outubro, Coelho vai a Estocolmo (Suécia), onde registra, com a pianista paulistana Débora Halász, canções de Villa-Lobos pelo selo sueco Bis.
A idéia foi de Halász, que está gravando a integral para piano solo de Villa-Lobos para a Bis. "A Eliane aceitou, e só falta acabar de escolher o repertório", diz a pianista.
Soprano da Ópera Estatal de Viena desde 91, Coelho já cantou com os tenores José Carreras ("Stiffelio", de Verdi), Plácido Domingo ("Fedora", de Giordano) e Luciano Pavarotti ("Andrea Chènier", de Giordano).
Já trabalhou com regentes do quilate de sir Colin Davis, Zubin Mehta e Eliahu Inbal, contabilizando 24 óperas no repertório -desde o classicismo do "Idomeneo", de Mozart, ao dodecafonismo de "Lulu", de Alban Berg.
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Folha - Quais canções serão incluídas no disco?
Eliane Coelho - Ainda não decidi. A gravadora quer entre 70 e 80 minutos de música e, como as canções são curtas, vai haver espaço para muitas.
Também é necessário conferir quais partituras poderão ser arranjadas.
Folha - Como é gravar o primeiro disco em um estágio tão avançado da carreira?
Coelho - As companhias de discos costumam preferir cantores no começo da carreira, que aparecem de repente e têm maior apelo comercial. São mais fáceis de vender. Depois, concentram tudo em dois ou três cantores e deixam os outros de lado.
Veja, por exemplo, a Cheryl Studer: há dois ou três anos, a Deutsche Grammophon só punha ela para gravar.
No meu caso, houve uma particularidade: mudei no meio da carreira, passando de soprano lírico coloratura (adequada para papéis com floreios vocais) para soprano dramático (apropriada para papéis mais pesados). Comercialmente, talvez tivesse sido melhor continuar com a "marca" de meu início de carreira. Mas, artisticamente, a mudança foi plenamente compensadora.
Folha - Como é sua relação com a Staatsoper?
Coelho - É um pouco diferente, porque fico bastante na Áustria. Canto 25 récitas por ano para viajar o mínimo possível, já que tenho dois filhos para cuidar.
Folha - Há planos de vir ao Brasil?
Coelho - Fui convidada para cantar a ópera "Fidelio", de Beethoven, no Municipal de São Paulo, no final do ano, mas não aceitei. Não canto Leonora (papel principal da ópera), nem creio que combine com minha voz. Estou entrando cada vez mais no repertório italiano.
Folha - Você continua a ampliar o repertório. Quais seus próximos papéis?
Coelho - Fiz minha primeira Desdemona em maio. Na temporada, canto ainda "Madama Butterfly" (Puccini), "Il Trovatore" (Verdi), "Os Contos de Hoffmann" (Offenbach) e "Tosca" (Puccini).
Em março de 1998, faço "Salomé" (Richard Strauss), com Zubin Mehta, em Munique. Em junho do próximo ano, aqui em Viena, canto "I Vespri Siciliani" (Verdi) pela primeira vez. E minha primeira Lady Macbeth está marcada para 99.

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