São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997
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Carreras previsível compõe 'Romance'

IRINEU FRANCO PERPÉTUOI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nada mais previsível que os últimos discos que o tenor espanhol José Carreras, 50, tem lançado pela Erato.
São todos tecnicamente impecáveis, infalivelmente kitsch e passam muito longe da ópera. Engordam sua conta bancária na mesma medida em que emagrecem sua reputação.
A escolha por um repertório "leve" reflete a guinada na carreira do tenor. De 21 apresentações marcadas para o segundo semestre de 97, apenas cinco estão destinadas a óperas.
O resto é formado por recitais, além dos infalíveis caça-níqueis que são os concertos dos Três Tenores.
Em "My Romance", Carreras ataca canções da Broadway e operetas vienenses.
É um disco surpreendentemente avaro, com apenas 44 minutos e meio de música, mas, pelo nível da interpretação, não dá para desejar que ele fosse mais longo.
O timbre do tenor é um espectro do que foi no passado, e seu desconforto nos idiomas inglês e alemão faz o disco oscilar entre o cômico e o grotesco.
Uma certa London Musicians Orchestra, regida por David Giménez, é responsável pelo acompanhamento, de um mau gosto atroz. E o bom Tallis Chamber Choir, utilizado de maneira pouco criativa, fica perdido.
Resumindo: fique com Mel Torme, no repertório americano, e Richard Tauber, no vienense. Deselegante, o CD de Carreras não merece mais que o esquecimento.
(IFP)

Disco: My Romance, com José Carreras
Lançamento: Erato (Warner)
Quanto: R$ 21, em média

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