São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997
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Ex-trompista brasileiro rege a Filarmônica de Nova York

IRINEU FRANCO PERPÉTUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um regente brasileiro vai trabalhar com a Filarmônica de Nova York. Em 9 de outubro, Roberto Minczuk (pronuncia-se Mintchúk), 30, participará de uma atividade da orquestra intitulada "Conductor Reading".
"É um programa da Filarmônica de Nova York envolvendo jovens regentes em atividades em várias partes do mundo", explica Minczuk. "Eu e mais quatro colegas vamos trocar experiências e reger um ensaio da orquestra."
Trata-se de um evento bastante concorrido, para o qual maestros do mundo todo enviam currículos e gravações.
No caso de Minczuk, o convite ocorreu em decorrência da vinda da orquestra ao Brasil, em 97, com seu regente titular, o alemão Kurt Masur. O regente conhece Minczuk desde o tempo da Orquestra Gewandhaus de Leipzig, na qual Masur era o regente titular, e o brasileiro, primeiro trompista.
Pois foi a trompa o instrumento que revelou Minczuk, atual titular da Sinfônica de Ribeirão Preto e assistente de John Neschling na reformulada Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).
Aos 14 anos, ganhou bolsa para estudar na Juilliard School, em Nova York. Aos 16, sempre como trompista, tocou com a Filarmônica de Nova York, dando, em seguida, um concerto no Carneggie Hall.
Venceu o 1º Prêmio Eldorado de Música, em 85. A convite de Masur, transferiu-se para Leipzig (na ex-Alemanha Oriental), onde foi a primeira trompa da tradicional Orquestra Gewandhaus, participando de gravações e turnês (inclusive a apresentação da orquestra no Brasil, em 88).
Oito anos fora de casa foram o suficiente para Minczuk, que resolveu retornar ao Brasil e, pegando o mundo musical de surpresa, trocar a bem-sucedida carreira de trompista pela de regente.
"Sempre quis reger", explica. "Preferi seguir primeiro a carreira de instrumentista porque achava importante a experiência de tocar em uma grande orquestra."
Aluno de Eleazar de Carvalho e Roberto Tibiriçá, ganhou o 1º Concurso Latino-Americano de Regência Orquestral da USP, em 93. Em seguida, assumiu a direção da Orquestra da Universidade de Brasília, que trocou pela Sinfônica de Ribeirão Preto em 95.
No dia 16, Minczuk rege a pouco conhecida ópera "Jupyra", de Francisco Braga, no Memorial da América Latina, com a Osesp e cantores nacionais.
Para o mês seguinte, está marcada sua estréia européia como regente. À frente da Orquestra do Teatro Massimo de Palermo, faz, em novembro, nove concertos na Sicília (Itália), com programas que, além de Liszt e Dvorák, incluem o compositor brasileiro Camargo Guarnieri.
(IFP)

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