São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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GEMIDOS E SUSSURROS NA MADRUGADA

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

No começo da madrugada, você liga a TV na Gazeta, uma emissora de sinal aberto, e vê pessoas fazendo sexo explicitamente, como se tivesse alugado uma fita na videolocadora. A qualidade técnica é ruim, mas o programa sintonizado, o "Madrugada Sexy", está fazendo sucesso e já virou "cult" em São Paulo.
No ar desde 21 de julho, exceto aos domingos, o "Madrugada Sexy" tem conseguido até seis pontos de audiência no Ibope nas madrugadas de sextas e sábados -o equivalente a quase 500 mil telespectadores. Só perde para a Globo. A fórmula? "É o primeiro programa na TV aberta que é pornô mesmo", arrisca Carlos Ishi, 31, diretor da Daitan Vídeo -produtora do programa.
O sucesso do "Madrugada Sexy" acontece num momento em que a TV brasileira vive o que se pode chamar de explosão sexual. Nos últimos 12 meses, o telespectador ganhou três canais eróticos (o Playboy e o Adultvision, na DirecTV, e o Sexy Hot, na Sky), ainda disponíveis apenas no sistema DTH (com miniparabólicas).
Nos próximos meses, dois novos canais eróticos devem chegar às grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Rio, via cabo e microondas: o Canal Adulto (que já está no ar em Brasília, Belém e Goiânia) e o argentino Venus.
Além disso, o Playboy e o Adultvision negociam suas exibições com operadoras de cabo (como Net e Multicanal em São Paulo) já a partir do próximo dia 1º.
Escala sexual
Todos esses canais poderiam ser catalogados numa escala que vai do mais soft (erótico) ao mais hard (pornô). Em uma ponta estaria o Playboy -não exibe sexo explícito- e na outra, o Venus -só pornografia. O Adulto (80% hard) e o Adultvision (que não mostra penetrações) seriam intermediários.
"O Playboy não é um canal pornográfico. Sua audiência é formada por homens e casais, de nível superior e das classes A e B", diz Umberto Anderson, gerente de afiliadas da Cisneros Television Group (responsável também pelo Adultvision e pelo Venus).
Segundo a DirecTV, o Playboy e o Adultvision são consumidos por 20% a 25% dos assinantes da empresa -que são no total cerca de 90 mil no país.
Desempenho melhor vem obtendo o Canal Adulto, que é produzido pela TV Filme (parceira da TVA). Lançado há três meses, o canal fechou setembro com 30 mil assinantes (que pagam R$ 10 por ele).
Novos programas
Com novos canais, a tendência é o fomento de novos programas eróticos nacionais. No próximo dia 26, entra no ar pelo Canal Adulto o "Mulher Maçã".
O programa se junta ao "Madrugada Sexy", ao "Sexytime" (do canal Multishow, veiculado pela Net/Multicanal) e ao "Summernight" (apresentado pela atriz Andréa Guerra e que vende produtos eróticos no canal Shoptime, da Net/Multicanal).
Comandado por Milene Macedo (a secretária parlamentar que perdeu o emprego no Congresso após posar nua na "Playboy" em 1988), "Mulher Maçã" terá clipes de garotas brasileiras e até um quadro com uma professora de striptease. A abertura é com a modelo Flávia Alves. "É um programa de nível", afirma Milene.
O "Sexytime", que exibe contos eróticos importados, também está se "abrasileirando".
O Multishow começa a gravar no começo de 98 um seriado no qual a "Garota Sexytime" (a ser eleita em concurso) protagonizará aventuras eróticas em cenários como o Trem da Prata e Foz do Iguaçu.

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