São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997
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Queda de fugas piora lotação

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os Distritos Policias da cidade de São Paulo registraram ontem um novo recorde de superlotação. Nunca suas 92 delegacias abrigaram tantos presos -esse número chegou a 8.099.
Esses detentos dividem celas que foram feitas para abrigar cerca de 1.500 pessoas. Em 2 de janeiro passado, havia no mesmo espaço 6.648 presos. O aumento foi de 21,83% em nove meses.
Enquanto isso, as rebeliões nos distritos policiais da cidade até anteontem, 18, já ultrapassaram o total do ano de 1996 (16).
A superlotação foi um dos principais motivos das rebeliões nas delegacias, segundo os amotinados. Por isso, ele pedem a transferência dos presos condenados para penitenciárias, que estão menos lotadas.
Os meses com o maior número de revoltas carcerárias foram fevereiro, maio e setembro, cada um deles com três casos.
Segundo a polícia, a redução dos números de fugas e de fugitivos ajudou a aumentar os casos de revoltas.
O número de fugas caiu de 168 (1996) para 103 (1997), e o de fugitivos passou de 1.324 (1996) para 755 (1997). Essa estatística só inclui casos de janeiro a setembro.
"Acredito que 99% das rebeliões foram represálias às fugas frustradas", afirmou o delegado Mauro de Andrade, 56, que trabalha desde 1986 na Divisão da Carcerária do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital).
Eles tentaram escapar domingo de madrugada cavando dois túneis. Após a descoberta do plano, eles dominaram dois investigadores e os mantiveram como reféns por três horas. Os detentos exigiam a transferência de 40 presos.
Segundo Andrade, nos primeiros dias de outubro já aconteceram uma rebelião e três fugas (oito fugitivos). "Não é possível recuperar um preso numa delegacia, onde ele nem pode trabalhar. Você só o deixa pior", disse.
(MG)

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