São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997
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Hemocentros fazem crítica a centralização

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diretores de 11 hemocentros públicos do país criticaram ontem o que chamaram de excessiva centralização da política de sangue e hemoderivados.
Eles se encontraram com o ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, para apoiar o novo chefe da Cosah (Coordenação de Sangue e Hemoderivados), Hélio Barros, que assume esta semana.
Barros substituirá o médico Dalton Chamone, que foi exonerado da coordenação na sexta-feira passada, após fazer denúncias sobre sangue contaminado e depois da abertura de sindicância no ministério para apurar denúncia anônima que o acusa de licitação dirigida para hemoderivados.
Os presentes à reunião se disseram surpresos com as denúncias feitas por Chamone.
"Quem toma sangue hoje nos hemocentros públicos tem a mesma chance de contrair doença que teria em qualquer país do Primeiro Mundo", afirmou Clarisse Lobo, do hemocentro do Rio de Janeiro.
Os diretores apresentaram dados segundo os quais há no país perda de 45% de possíveis doadores na triagem que é feita antes de a bolsa de sangue ser colocada à disposição de receptores.
Na triagem clínica feita antes da doação de sangue, que consiste em perguntas como histórico de doenças e conduta sexual, 25% dos doadores são considerados inaptos. Outros 20% são considerados inaptos na triagem sorológica.
Ao ministro, os diretores reivindicaram participação na construção da programação da Cosah. "Queremos que a coordenação nos ouça, coisa que não acontecia antes", disse Leny Passos, diretora do Hemocentro do Amazonas.
"Cada hemocentro trabalhava isoladamente, se afastando do programa da Cosah. A idéia do conjunto estava perdida", disse.
Segundo diretores, a centralização prejudicou o sistema de informações da Cosah.

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