São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997
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As santas casas entram no mercado

LUÍS NASSIF

A propósito do artigo "O modelo de saúde privado" (21/09/97), a coluna recebe a seguinte correspondência do padre José Linhares Ponte, presidente da Confederação das Misericórdias do Brasil (CMB) que congrega as 2.600 Santas Casas e Hospitais Beneficentes do país.
"Prezado jornalista,
A sua visão moderna e inovadora de um novo modelo de assistência à saúde, não só por parte dos planos e seguros de saúde como, também, do sistema de saúde pública, é de grande importância no momento.
Sensibilizados com a grave situação da saúde e por defender essas mesmas mudanças, esta confederação nos últimos 18 meses estudou o desenvolvimento de um seguro-saúde próprio das santas casas e hospitais beneficentes, com as seguintes características: a) coberturas abrangentes, incluindo Aids, câncer, cirurgias cardíacas, órteses e próteses, entre outros; b) sem limite de diárias, mesmo em UTI, e de idade para ingresso no seguro; c) rede integrada nacional; d) consórcio regional entre os hospitais; e) ênfase no ambulatório, por meio do pagamento por 'capitação'; f) sistema de referência e de contra-referência; g) controle estatístico epidemiológico com ações de prevenção da doença e da promoção da saúde; h) revalorização do clínico geral (médico generalista), especializado em prevenção; i) concentração de especialistas para barateamento do custo de assistência à saúde.
Este seguro da Rede Integrada de Santas Casas e Hospitais Beneficentes -chamado Vital Saúde- começou a ser lançado no mercado no mês de agosto e atende a totalidade dos itens exigidos, atualmente, na regulamentação que está sendo discutida."
Nova postura
De acordo com avaliações da própria Comissão Técnica da Federação das Misericórdias, existem dois problemas básicos com o setor: ausência de gestão profissional e falta de receita.
No momento, 90% da receita das Santas Casas provêm do SUS e 10%, de convênios particulares. A idéia é inverter a ordem. O SUS responderia por 30% do faturamento e por 70% dos leitos. Os convênios particulares e planos de saúde, por 70% do faturamento e por 30% dos leitos. Essa meta já foi alcançada por mais de 80 SCs.
Hoje, elas representam pouco mais de 2% de um mercado de 44 milhões de usuários. Obtendo gerência, as SCs têm algumas vantagens consideráveis. Gozam de isenções fiscais, o que permite um barateamento de no mínimo 20% de seus custos. Além disso, elas já se impõem um atendimento gratuito. Donde se entende a quase ausência de reclamações contra seus planos de saúde.
Para questões de alto risco (cirurgia cardíaca, radioterapia etc.) e para atender as novas solicitações da lei, as SCs firmaram convênio com seguradoras.
Para cumprirem seu objetivo, no entanto, terão que enfrentar uma dura batalha contra os respectivos corpos médicos. Em muitas delas, os médicos assumiram o controle da gestão e acabam subordinando as ações de saúde a seus interesses corporativos.
Internet e segurança
Nas operações bancárias pela Internet, há uma espécie de versão eletrônica do golpe do cartão. O alerta é do Departamento de Tecnologia do Banco do Brasil, que decidiu estudar a fundo o tema.
A chave da segurança do sistema é a criptografia -uma técnica que permite embaralhar as letras da senha, desembaralhando apenas quando chega no sistema do banco. O BB contratou uma equipe de mestrado da Universidade Nacional de Brasília que conseguiu desenvolver um algoritmo com 832 bits (até agora, os sistemas mais seguros utilizavam algoritmos de 256 bits). Significa a possibilidade de combinação com 250 casas decimais.
Mesmo assim, houve denúncias de pessoas que teriam conseguido penetrar nos sistemas de segurança do banco e de concorrentes. A investigação acabou permitindo localizar nova modalidade de golpe -que não está nos sistemas de segurança dos bancos, mas em provedores oportunistas.
Consiste em simular a primeira página do banco na Internet. Depois, em conluio com o provedor, providenciar um desvio sempre que o endereço do banco for acionado por algum assinante do provedor. O usuário é jogado na página falsa e, lá, coloca todos os seus dados e senhas. De posse delas, os golpistas entram no sistema dos bancos.
A saída encontrada pelo banco foi providenciar uma frase que aparecerá na tela do usuário, sempre que ele digitar sua senha.

E-mail: lnassif@uol.com.br

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