São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997
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Lynyrd Skynyrd

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Assim como as motos Harley Davidson, a banda de rock Lynyrd Skynyrd é ícone de um passado norte-americano que se dilui na Internet, mas não morre. Prova disso é "Twenty", novo CD do grupo, criado por colegiais em 73.
Pelo lado musical -insuficiente para explicar o status de lenda que a banda atingiu nos EUA-, a fórmula do grupo aparece inalterada.
Um pouco de country, outro tanto de blues, tudo revestido com uma controlada fúria roqueira nos vocais. E há as guitarras, dominadoras, sobrepostas. É música para ouvir num Cadillac sem capota sobre uma estrada deserta. Resumindo, desde os anos 70, o que a banda faz é o velho e bom rock sulista.
Apesar do viés urbano, as novas composições têm as duas botas atoladas em estrume de vaca. Coisa de macho. De um tempo em que se trocaria todos os Grammy pelo adjetivo "honesto" ligado ao seu trabalho. E honestidade é o que não falta nas 12 faixas do CD.
Ela reside no crescendo de guitarra e voz na roqueira "We Ain't Much Different". No piano como um instrumento de percussão na quase stoneana "Bring It On". Na inserção pelo blues eletrificado em "Berneice".
Por fim, há "Travelling Man", única regravação no CD. E é nela que outros aspectos da mitologia do Lynyrd Skynyrd vêm à tona.
No dia 20 deste mês, completam-se 20 anos de um acidente aéreo que matou três integrantes da banda, feriu gravemente os demais e deu título ao CD, 20, em inglês.
Pois bem, entre os mortos estava o vocalista Ronnie van Zant, que teve sua interpretação de "Travelling Man" recuperada e inserida nos arranjos atualizados pela formação contemporânea do grupo.
Nenhuma novidade. O que separa a iniciativa da banda de outras mais oportunistas, tipo Natalie Cole, é o fato de Ronnie fazer um dueto com o novo vocalista, que tem a mesma visceralidade no canto e o mesmo sobrenome, Johnny van Zant, seu irmão caçula.
Em vez de melancólica, "Travelling Man" assume um caráter de festa mediúnica, de intermediário entre dois mundos. Purgar a dor nunca foi tão prazeroso.
Em "Twenty" não há os clássicos inquestionáveis como "Sweet Home Alabama" ou "Free Bird".
Mas o trabalho passa a certeza de que a flama do Lynyrd Skynyrd continua acesa. E em boas e competentes mãos.

Disco: Twenty
Grupo: Lynyrd Skynyrd
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 18, em média

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