São Paulo, quinta-feira, 9 de outubro de 1997 |
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Diplomata se diz culpado por acidente
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Gueorgui Makharadze, 36, segundo na hierarquia da Embaixada da Geórgia em Washington, protegido do presidente Eduard Shevardnadze e estrela ascendente na política de seu país, vai aguardar na prisão até sua sentença ser decidida, em 19 de dezembro. Em 3 de janeiro passado, Makharadze bateu com seu carro em outro que estava parado diante de um semáforo no Dupont Circle, uma área com restaurantes e bares no centro de Washington. O carro atingido voou e caiu sobre outro. Neste, se encontrava a brasileira Jovianne Waltrick, de 16 anos, que morreu logo após o acidente. Outras quatro pessoas se feriram. Testemunhas e policiais dizem que o carro guiado por Makharadze estava a 136 km por hora no momento da colisão, numa área em que a velocidade máxima permitida é de 55 km por hora. Exames da polícia mostraram que o diplomata tinha teor de álcool no sangue 50% acima do permitido por lei. Makharadze tinha direito a imunidade diplomática. Por força de acordos internacionais, diplomatas não podem ser presos nem processados nos países em que servem. Mas o caso de Makharadze provocou tamanha indignação na opinião pública americana que o presidente Shevardnadze decidiu abrir mão do direito dado a seu representante nos EUA. O fato de ele ter se dito culpado ontem, evitando em consequência um julgamento, poderá lhe render uma sentença menor do que se ele viesse a ser condenado. Mas a decisão do juiz Harold Cushenberry de mantê-lo preso indica que a sentença ainda assim será pesada. Para o juiz, incidentes anteriores com Makharadze (dois casos de excesso de velocidade) demonstram que ele é perigoso para a comunidade. O governo da Geórgia poderá pedir aos EUA que permitam ao diplomata cumprir a pena a que for condenado em seu país. A mãe de Joviane, Viviane Wagner, que veio com a família de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, para Washington meses antes do acidente, disse que sua filha "não vai voltar", mas "está valendo a pena lutar" porque "imunidade não pode significar impunidade". A família de Joviane passou meses diante do local em que ela morreu com cartazes e faixas, distribuindo panfletos pedindo a condenação de Makharadze. O diplomata disse ontem em juízo que assumia "total responsabilidade pelo que aconteceu". Ele havia esperado o início do julgamento em liberdade, mas não podia sair de Washington sem autorização da Justiça. Texto Anterior: Judeus de Bordeaux lembram deportados Próximo Texto: Militar dos EUA é acusado Índice |
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