São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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Empresário relaxa com dança de salão

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos três meses, um grupo de empresários e profissionais liberais deixou de lado seus sisudos ternos, seus potentes telefones celulares e suas agendas disputadas para, simplesmente, dançar.
Compromissos de final de semana também foram adiados. O objetivo? Ensaiar para entrar no palco e enfrentar uma platéia que pouco tem a ver com as suas corriqueiras apresentações de negócios.
"A emoção de entrar no palco é tão grande quando a de enfrentar um tribunal", diz o advogado Pedro Cortez, 53, que treina dança há oito anos.
"É difícil entrar no palco e vencer a barreira da exposição. Prefiro apresentar um projeto", diz o arquiteto José Ricardo Carvalho, 52.
Cortez e Carvalho integram o grupo de 32 pessoas que se apresentam no espetáculo "Bailes do Brasil", do bailarino e coreógrafo J.C. Violla, que começou nesse final de semana e vai até 16 de novembro, em São Paulo.
Esses homens chegaram à dança pelos mais diversos motivos -seja para aprender a mexer o corpo, pela paixão musical ou por sugestão de amigos.
Hoje, a atividade é também a forma de extravasar as tensões do trabalho e até de namorar (a maioria dança com as suas próprias mulheres).
Outra função é que a dança é uma boa atividade física para homens que já passaram dos 40 anos e que não são muito adeptos a esportes mais radicais.
"É a minha higiene mental. Esqueço da vida quando danço", diz o empresário Jacques Pripas, 45, que faz dança de salão há dez anos.
O consultor industrial Roberto Lemos, 52, conta que achou "estranho" aprender a dançar. "Mas, depois que comecei, nunca mais parei", afirma.
O consultor começou a dançar por recomendação médica, como parceiro de sua mulher. "A Maria Helena (sua mulher) estava muito estressada e a médica recomendou a dança."
Agenda
O retorno emocional que a dança traz para esses homens é um dos principais fatores que os levaram a rearranjar os compromissos agendados e encontrar tempo para ensaiar.
"Às vezes, temos de sacrificar o ritmo de trabalho e até a família, mas o retorno compensa", diz Moises Wurcelman, 49, engenheiro apaixonado por danças folclóricas.
Durante os ensaios, eles passaram até oito horas seguidas dançando -uma concessão de uma categoria de profissionais em que tempo é dinheiro.
A correria da agenda, que vai ficar apertada até meados de novembro, é só por prazer. Os dançarinos não recebem pela apresentação. A produção do espetáculo custou R$ 480 mil.

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