São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997
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NOVELA LATINA

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de oito meses exibindo uma trama baseada no realismo fantástico de "A Indomada", a Rede Globo volta à fórmula tradicional. A nova novela das oito apela para um dramalhão sobre o amor, tirando da gaveta um argumento original de 1983.
"Por Amor", que estréia amanhã às 20h40, traz o novelista Manoel Carlos, 64, de volta ao horário nobre da emissora.
"A trama de 'Por Amor' existe na Globo desde 1983. Fiz para o horário das oito e iria ao ar em 1984. Mas logo em seguida saí da emissora e a sinopse ficou lá para um futuro aproveitamento. Só agora então volto à antiga sinopse, obviamente com modificações e atualizações de tema", explica Carlos.
Para o autor, a novela se apóia nos pilares do folhetim tradicional, mas não há nenhuma disputa de poder. Carlos nega ter sofrido qualquer pressão da emissora por audiência.
"É uma história urbana, com tramas extraídas do cotidiano. Não sei se esses temas dão mais audiência. Mas são os que me agradam e com os quais me identifico. Com 47 anos de televisão posso mudar de horário, mas não de estilo", fala o autor.
"Por Amor" mostra a história de duas mulheres, mãe e filha: Helena e Maria Eduarda, interpretadas respectivamente por Regina e Gabriela Duarte, também mãe e filha na vida real. As duas se casam e engravidam na mesma época.
"Se para a filha o nascimento de um filho representa a manutenção de um casamento que começa a fazer água, para a mãe, a gravidez é um acidente até mesmo indesejado. Essas motivações geram o conflito principal", diz Carlos.
Uma das atitudes que a mãe toma "por amor" à filha é trocar seus bêbes na maternidade. O filho de Eduarda, que tem a saúde muito frágil, nasce morto. O de Helena nasce saudável. Esta então troca os bêbes no hospital.
Para isso, Helena vai contar com a ajuda do médico Cesar (Marcelo Serrado), apaixonado por Eduarda desde a adolescência.
"Certamente o comportamento de um médico pode gerar uma discussão ética, o que é altamente positivo que aconteça. Em uma novela, tudo o que motive polêmica, desde que abordado com responsabilidade, é bem-vindo", avalia Carlos.
"Por Amor", dirigida por Paulo Ubiratan e Ricardo Waddington, teve suas primeiras cenas gravadas em Veneza. Ali, Helena conhece Atílio (Antônio Fagundes), por quem vai se apaixonar.
Manoel Carlos se define como um autor do realismo poético, que, segundo ele, "é o que desdobra um véu sobre a crueza da realidade".
"Eça de Queiroz coloca como epígrafe do seu romance 'A Relíquia' uma frase que diz 'Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia'. Acho que é por aí. Significa que se pode falar de coisas reais e fortes com uma certa leveza e lirismo, que atenuam o impacto da realidade", pondera o autor.

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