São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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Entenda o que aconteceu em 96

DA REDAÇÃO

Em outubro de 96, o Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré, em Boa Vista (RR), registrou 36 mortes de bebês, 20 das quais por infecção hospitalar, segundo o Ministério da Saúde.
A falta de higiene foi apontada como causa das infecções pelo ministério. O hospital não cumpria as normas de higiene recomendadas pelo governo federal.
O índice de mortalidade normalmente registrado na maternidade é de 25 para cada 1.000 nascidos vivos. O hospital faz cerca de 600 partos por mês.
Em 1º de novembro, sete bebês foram exumados. O objetivo era encontrar bactérias causadoras das infecções nos bebês.
A então diretora do hospital, Odete Domingues, foi afastada. Ela afirmou que havia alertado a Secretaria da Saúde do Estado sobre a ineficiência da empresa Lucel, responsável pela limpeza do hospital.
Em novembro, o governo divulgou comunicado oficial informando que pelo menos 21 crianças foram vítimas de infecções causadas por medicamentos intravenosos contaminados.
A médica brasileira Denise Garrett, que vive nos EUA, e o bacteriologista norte-americano Clifford McDonald, pesquisadores do CDC (Center for Disease Control and Prevention), principal entidade de controle de doenças hospitalares dos EUA, passaram 18 dias analisando os prontuários.
Eles suspeitavam que a causa da morte dos bebês fosse alguma substância presente nos medicamentos, e não a falta de higiene. Foram enviadas amostras dos medicamentos para os EUA.
O subsecretário da Saúde, Aílton Wanderley, declarou que surgiram suspeitas sobre a contaminação dos medicamentos porque as más condições de higiene no hospital já existiam antes do surto de infecção. O hospital era a única maternidade pública da cidade e realizava 98% dos partos hospitalares de Roraima.
Em dezembro, o secretário da Saúde do Estado, Sérgio Pillon, declarou que uma comissão de pesquisa norte-americana havia concluído que "o caso dos bebês de Roraima se deve a medicamentos intravenosos contaminados".
A pesquisa foi feita, de acordo com Pillon, com crianças que receberam cinco medicamentos e outras que não os receberam. Ele também culpou a falta de energia na capital, que afetaria diretamente as condições de atendimento.

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