São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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Ator acusa gerente e segurança de banco de preconceito racial

Jorge Lafond teria sido barrado 5 vezes em porta giratória

DA REPORTAGEM LOCAL

O ator Jorge Lafond, 37, acusa um gerente e um segurança da agência do Banco do Brasil da Mooca (zona sudeste de São Paulo) de preconceito racial.
Lafond, que é negro, afirma ter sido barrado cinco vezes na porta giratória com detector de metais da agência, por volta das 11h30 de ontem. "Mesmo após ter colocado celular, óculos, correntes, pulseiras e relógio no guarda-volumes, o segurança não destravou a porta. O gerente viu toda a confusão e não fez nada. Os dois ficaram olhando para mim e dando risada. Isso é preconceito", afirmou.
Após a porta ter travado pela quinta vez, Lafond deixou a agência e chamou a polícia. Ele, o gerente Joseandro Lopes, 29, e o segurança Ronaldo Carvalho, 28, foram levados para o 57º DP.
A delegada de plantão, Regina Célia Issi, registrou um termo circunstanciado -registro de ocorrência para crimes com pena de até um ano- de preconceito racial contra os dois, que negam ter cometido qualquer discriminação.
Carvalho afirmou não ter como abrir a porta, que bloqueia automaticamente quando alguém tenta passar por ela portando metais. Segundo ele, em nenhum momento Lafond foi satirizado nem maltratado na agência.
"Eu não tenho ordem para destravar a porta nem tenho culpa por ela ter travado. Ele deveria processar o fabricante da porta, não um segurança que estava lá trabalhando", afirmou Carvalho.
Já o gerente diz que não foi interceder na discussão porque estava atendendo a uma cliente. Quando chegou à porta e autorizou o ator a entrar no banco, ele teria recusado e resolvido chamar a polícia. "Ele achou que foi discriminado e preferiu vir à delegacia. Mas não houve discriminação, o segurança não é autorizado a abrir a porta."
Lafond, que mora no Rio de Janeiro, veio a São Paulo descontar um cheque de R$ 2.500 que recebeu por uma participação no programa "A Praça É Nossa", do SBT.
Ele disse que precisava voltar ao Rio até as 15h para participar de outra gravação, mas não conseguiu devido à confusão. "Vou exigir que o Banco do Brasil pague todo meu prejuízo."
O termo circunstanciado será encaminhado ao Juizado de Pequenas Causas. A pena para preconceito racial é prisão de 15 dias a três meses, além de multa.

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