São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 1997
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Carro quebra a barreira do som nos EUA

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O carro britânico Thrust Supersonic, equipado com dois motores do caça Phantom, quebrou a barreira do som em terra pela primeira vez na história.
O piloto Andy Green, da Força Aérea Real britânica, fez anteontem duas passagens supersônicas no deserto de Black Rock, em Nevada (oeste dos EUA), um dia antes dos 50º aniversário da quebra da barreira do som em vôo.
Se no ar os céticos diziam que o avião iria se desintegrar, em terra falavam que o carro levantaria vôo.
"Ao contrário do que eu li em vários jornais, o carro não levanta no ar nem explode, eu fiquei maravilhado ao descobrir isso. É possível dirigir supersônico, nós o fizemos", disse Green, 35, após o feito.
O amedrontador carro negro disparou pelo deserto a uma velocidade de 1.222,7 km/h. Nas condições do deserto de Nevada, a velocidade do som, que é variável (leia texto abaixo), é de aproximadamente 1.200 km/h.
Dezenas de repórteres e espectadores ouviram o estouro provocado pelo carro no momento em que ele quebrou a barreira do som, deixando uma nuvem de poeira em seu rastro, não permitindo distinguir as rodas do solo.
"É um grande momento", disse Richard Noble, 51, chefe do projeto.
Green não conseguiu usar os dois pára-quedas do carro como freio por eles terem sido danificados pelo calor dos motores. Por isso, o carro foi parar 2,4 quilômetros além da pista, de 21 quilômetros de extensão.
A equipe de mecânicos correu para preparar o Thrust para uma nova passagem. Para um tempo ser validado como recorde mundial, o carro deve fazer duas passagens com a velocidade recorde num intervalo máximo de uma hora.
O carro fez o percurso inverso na pista a uma velocidade de 1.216,2 km/h, mas foi gasto um minuto a mais do que o permitido entre as duas corridas, impedindo a oficialização do recorde de velocidade. "Tão perto, mas ainda assim tão longe", lamentou Noble.
O Thrust já havia estabelecido o atual recorde mundial de velocidade em terra em 25 de setembro último (1.142 km/h), deixando para trás o recorde anterior de 1.012 km/h. A equipe disse que vai examinar o carro e pode tentar estabelecer um novo recorde até o final da semana.
Apesar da frustração com o recorde, a equipe estava satisfeita por ter desmentido os especialistas que diziam ser impossível quebrar a barreira do som em terra.
Green disse que foi "tremendo" ser o primeiro a fazê-lo.
Ele contou que, de dentro do carro, não conseguiu ouvir o estouro supersônico. "Você não consegue ouvir sua própria onda de choque", disse ele.
As condições no deserto de Black Rock estavam perfeitas anteontem para as passagens, depois de cinco dias de ventos fortes. Nas primeiras três tentativas, Green atingiu 1.199,5 km/h. Depois fez as duas corridas supersônicas sob céu azul. Noble e equipe trabalharam durante anos no projeto, frequentemente afetado pela falta de recursos. A equipe não quis revelar o custo total, mas afirmou estar na casa dos milhões de dólares.

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