São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
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Saga gaúcha lembra texto de Brecht

JOSÉ GERALDO COUTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Anahy de las Misiones", de Sérgio Silva, é uma saga familiar gaúcha que se passa na época da Revolução Farroupilha (1835-45).
Inspira-se, segundo seu diretor, numa antiga lenda da região do rio da Prata, mas seu enredo básico lembra muito a "Mãe Coragem", de Bertolt Brecht.
Anahy (Araci Esteves), uma camponesa pobre, de aparência cigana, percorre os campos de batalha com os filhos (Marcos Palmeira, Claudio Gabriel, Dira Paes e Fernando Alves Pinto) para se apropriar dos despojos dos mortos.
O filme, em dos poucos filmes brasileiros em exibição na mostra, custou R$ 2,5 milhões. Tem entre seus méritos uma fotografia deslumbrante, assinada por Adrian Cooper.
O trabalho capta toda a variação plástica e dramática da paisagem gaúcha, passando do pampa à serra e aos morros de pedra do Dorsal das Encantadas.
O que talvez poderá distanciar um pouco o filme do público de hoje é sua tentativa de recuperar o linguajar gaúcho do século passado, com suas expressões arcaicas e seus espanholismos.
O artificialismo é acentuado pela "mise-en-scène" algo teatral e pelo fato de todo o som do filme -que se passa quase inteiramente ao ar livre- ser dublado.
O resultado é curioso: algo como uma versão modernizada das velhas produções realizadas pelos estúdios da Vera Cruz.

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