São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 1997
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PM é morto ao evitar roubo

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O soldado da PM Cid Amaro Ferreira, 24, foi morto anteontem, às 22h40, ao tentar impedir um roubo sem estar usando o colete a prova de balas, portando um revólver quebrado e fazendo patrulhamento sozinho das ruas de Pinheiros (zona noroeste de São Paulo).
No mês passado, a PM havia anunciado a compra de coletes a prova de balas e de armas. O Comando de Policiamento Metropolitano, responsável pelo patrulhamento da Grande São Paulo, informou que irá apurar porque a arma não funcionou e porque o soldado estava sem o colete.
Ferreira era da 1ª Companhia do 23º Batalhão, uma das unidades da PM cujos homens trabalham nas ruas sozinhos.
Ele havia sido enviado para cuidar de uma pessoa que se dizia drogada. Quando passou na esquina das ruas Fernão Dias com Sumidouro, suspeitou de quatro pessoas no interior de um Pajero.
Ele parou seu carro, desceu e foi em direção ao Pajero, que estava saindo do estacionamento do restaurante japonês Yashiro. O PM mandou que os dois homens que estavam nos bancos dianteiros descessem. O ocupante do banco do passageiro fez três disparos.
Duas balas acertaram o abdômen do PM e uma, o braço direito. Os ladrões desceram do Pajero, entraram num Uno preto que os aguardava e fugiram sem roubar nada do casal de publicitários que estava rendido no banco traseiro.
Luciano Pinto dos Santos, 32, e Gabriela Hunnicutt, 25, haviam sido abordados pouco depois de chegarem ao restaurante. O casal ia entregar as chaves ao manobrista Marcelo Nogueira Damasceno, 25, quando foi abordado e obrigado a passar para o banco de trás.
Os assaltantes eram dois. Um era mulato e o outro, branco. Ambos tinham cerca de 1,70 metro de altura. O branco estava com uma pistola calibre 380 (semelhante ao calibre 9 mm) e atirou.
"Sabemos que a arma era desse calibre porque foram encontradas cápsulas de balas vazias no local do crime", afirmou o delegado Edmundo de Lacerda Neto, titular do 14º Distrito Policial.
Na delegacia, foi constatado que o revólver calibre 38 do PM estava com o gatilho e o cão (espécie de martelo da parte superior do revólver que bate na bala e a dispara) emperrados e, por isso, não funcionava. Para constatar o defeito, o 14º DP enviou a arma à perícia.
Sem reação
Segundo as testemunhas, mesmo assim, o PM não teve tempo de sacar. Baleado, ele ainda conseguiu voltar ao seu carro e pedir socorro. Quando o reforço chegou, os ladrões já haviam fugido.
O policial morreu quando era levado pelos colegas ao Hospital das Clínicas. Até as 18h de ontem, não havia pistas dos assaltantes.
O soldado será enterrado hoje, às 9h, no mausoléu da PM, no cemitério Araçá (zona noroeste).

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