São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Bebê sofre drenagem nos pulmões no Rio

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O estado de saúde do bebê Jaime Vieira dos Santos Neto, de 16 dias, agravou-se muito ontem. Jaime foi submetido a uma drenagem nos pulmões e respira com auxílio de equipamentos. Também houve piora em seu quadro de infecção intestinal.
No dia 2 de outubro a mãe de Jaime, a dona-de-casa Líbia Gomes Moura dos Santos, 31, foi retirada da sala de cirurgia do Hospital Metropolitano, no Engenho Novo (zona norte), por supostos problemas relativos ao prazo de carência de seu plano de saúde, o Golden Cross.
Líbia foi colocada em uma ambulância para procurar um hospital público.
Depois de 12 horas, Jaime nasceu no Hospital Maternidade Carmela Dutra, no Lins de Vasconcelos (zona norte).
Por causa da demora, sofreu ruptura no intestino. Com poucas horas de vida, foi operado.
"Cada vez que entro aqui não sei o que vou encontrar. Choro sem parar ao olhar as coisinhas dele arrumadas no quarto em casa. Só vejo tristeza à minha volta", disse Líbia ontem à Folha, depois de visitar o filho.
Líbia contou que durante toda a sua gravidez o médico Paulo Roberto Almeida a alertou para o fato de ter uma gravidez de risco.
"Tenho pressão alta e diabetes. Ele acompanhou tudo. Por que só quando eu estava na sala de cirurgia disseram que meu filho não podia nascer lá porque o hospital não tinha UTI neo-natal?", disse a dona-de-casa.
Inquérito
Um inquérito para apurar as responsabilidades no caso foi aberto pelo Ministério Público do Rio.
Na quarta-feira, o promotor Walberto Fernandes Lima recolheu documentos relativos à paciente na sede da Golden Cross no Rio.
"Vamos verificar se houve descumprimento do contrato e se houve imperícia ou negligência médica", disse o promotor.
Ao terminar a visita ao filho ontem, Líbia chorou ao lembrar da imagem do bebê no respirador. "Não podiam ter feito isso com o meu filho, ele não merecia sofrer tanto", disse.
A dona-de-casa e o marido, Walmir Vieira dos Santos, 46, não pretendem entrar na Justiça com qualquer tipo de ação reparatória.
"Nós só queremos a saúde do nosso filho. O Ministério Público vai cuidar dessa gente. Só sei que meu filho está à morte numa UTI", disse Líbia.

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