São Paulo, sábado, 18 de outubro de 1997
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Banco tenta evitar penhora de R$ 571 mil

FÁBIO GUIBU
EDUARDO DE OLIVEIRA

FÁBIO GUIBU; EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Agências do Banco do Nordeste no Recife estão operando sem dinheiro para não ter de pagar dívida

Há dez dias as três agências e dois postos de serviço do Banco do Nordeste em Recife (PE) operam sem dinheiro nos caixas para evitar a penhora de R$ 571 mil, determinada pela Justiça estadual.
Oficiais de Justiça com ordem de recolher todas as cédulas e moedas que encontrarem na instituição fazem plantão nas agências, mas até ontem só haviam conseguido arrecadar pouco mais de R$ 15 mil.
A maior parte do dinheiro foi penhorada nos primeiros dias de operação. Ontem, nada foi encontrado nos caixas e, anteontem, apenas R$ 0,20 foram recolhidos.
O débito de R$ 571 mil se refere a honorários a que, segundo a Justiça, tem direito o advogado Antonio Aciolly Campos, 29, neto do governador Miguel Arraes (PSB) e irmão do secretário de Fazenda do Estado, Eduardo Campos.
O advogado defendeu uma revendedora de veículos numa ação de cobrança de empréstimo de R$ 1 milhão feito junto ao banco, em 19 de dezembro de 95, e que não havia sido pago dentro dos prazos estabelecidos em contrato.
Sob alegação de que havia erro no procedimento judicial elaborado para a cobrança, a Justiça acatou a tese de Campos e não aceitou a execução do título pelo banco.
O banco, que poderia recorrer da decisão, perdeu o prazo legal para isso. O juiz Silvio de Arruda Beltrão determinou então à instituição o pagamento dos R$ 571 mil a Campos, a título de honorários.
O Banco do Nordeste ainda ofereceu títulos federais e imóveis como garantia de pagamento, mas o juiz não aceitou e ordenou que o dinheiro fosse recolhido dos caixas da instituição e depositado numa conta em juízo.
Desde então, alegando "problemas operacionais", as agências do banco em Recife passaram a funcionar sem cédulas e moedas. "Eles estão brincando de esconde-esconde", disse o oficial de Justiça Sérgio Murilo Santa Cruz.
Clientes são orientados a quitar contas em cheques e os pagamentos e saques não são feitos sob as vistas dos representantes da Justiça para evitar a penhora.
Aposentados que receberiam seus benefícios em Recife foram transportados para o município de Paulista, na região metropolitana, onde a sentença não tem efeito e o banco funciona normalmente.
A instituição, no entanto, nega qualquer relação entre o sumiço do dinheiro com a decisão judicial. Além disso, contesta a decisão do TJE (Tribunal de Justiça do Estado) sob alegação de que o assunto é de competência federal.
A delegacia do Banco Central na cidade acompanha o caso e, segundo a assessoria da instituição, eventualmente poderá abrir um processo administrativo, caso constate alguma irregularidade nos procedimentos do banco.

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