São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997 |
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Japão assina com o primeiro 'brasileiro'
MARCILIO KIMURA
Bisneto de italianos, Luis Ricardo Camargo, de Tatuí (135 km a oeste de São Paulo), jogará as temporadas 98 e 99 no Mitsubishi, de Hiroshima. O 'brasileiro', que embarca em 15 de janeiro, vai ganhar US$ 64 mil pelos dois anos de contrato. O país oriental já levou 14 atletas do Brasil, todos 'nisseis' (segunda geração), 'sanseis' (terceira geração) ou 'yonseis' (quarta). Atualmente, jogam oito (veja quadro abaixo). O principal deles é Henrique Tamaki, de Atibaia (64 km ao norte de São Paulo), que compõe o Hiroshima Toyo Carp. O arremessador destro foi o segundo brasileiro a ingressar na primeira divisão de um time profissional, em 95. O primeiro foi Shiguetaka Sato, no Orix Blue Waves, de Kobe (Japão), na década de 60. O novo clube de Camargo é da liga empresarial, chamada de pré-profissional. As outras duas ligas de acesso à primeira divisão são a colegial e a universitária. A empresarial é composta por 300 times, que disputam dez torneios durante uma temporada. Camargo é o titular absoluto da posição de receptor, ou 'catcher' (em inglês, usado nos outros países), da seleção brasileira e um dos principais rebatedores do país. "Eles gostaram de minha determinação, meu braço forte e de saber me impor em jogo", disse ele, que treinou entre julho e agosto deste ano no Carp e no Mitsubishi. Cobaia O jogador acredita que sua transferência servirá para mostrar o beisebol brasileiro para outros países e, assim, abrir as portas do exterior para outros jogadores. "Vou servir de cobaia, assim como o (Henrique) Tamaki serviu para nós", diz o jogador. "Ninguém no Brasil conhece o beisebol. Quase nenhum país sabe que aqui se joga beisebol e existem bons jogadores." Tamaki foi para o Japão contratado pelo mesmo Mitsubishi/Hiroshima, onde, após cinco anos, foi campeão japonês e eleito o jogador mais valioso da liga. Seu sucesso, além de um contrato com o Carp, fez o Mitsubishi, que tem dez equipes na empresarial, contratar oito brasileiros. "Ano que vem, os japoneses devem levar mais cinco", disse Mitsuyoshi Sato, técnico da seleção brasileira adulta. Segundo ele, a exportação é a melhor maneira de crescer o beisebol brasileiro, por enquanto. "Até criarmos uma liga empresarial, essa é a melhor maneira de manter vivo o beisebol brasileiro", afirma o treinador. Texto Anterior: 'Tesouro' é descoberto depois de 20 anos Próximo Texto: Receptor é o pensador Índice |
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