São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresário registra depoimento em cartório

DA REPORTAGEM LOCAL

A seguir, a declaração pública de Mario Garnero sobre o caso Brasilinvest, registrada em cartório:
"Sou um cidadão brasileiro. Cumpro meus deveres e obrigações. Deveres e obrigações pessoais, familiares, profissionais e sociais. Respeito a Justiça. Submeto-me ao Direito. Sou um cidadão, como tantos outros, que contribui para o desenvolvimento do Brasil. Minha história de vida é dirigida ao trabalho e ao progresso comum. Ao longo dos meus 60 anos de vida, recebi homenagens, capazes de orgulhar um homem. Sofri muito também por vários anos. A resposta aos meus detratores foi o pronunciamento da Justiça. Faço depoimento, registrado em Cartório Público, para que o chamado 'Caso Brasilinvest' não venha, repetidamente, agora e no futuro, ser usado contra mim, minha família, minhas empresas e seus funcionários."
Nome limpo
"Tudo o que tiver a dizer sobre o 'Caso Brasilinvest' já o fiz. O Brasilinvest é um nome íntegro e limpo. Suas atividades retratam sua credibilidade, que não pode ser arranhada. Grupo financeiro e banco de negócios, fundado em 1975, já estruturou e concluiu projetos de várias áreas, que representam investimentos estrangeiros e nacionais, no Brasil, de aproximadamente US$ 1 bilhão. O patrimônio atual do Grupo Brasilinvest é superior a US$ 100 milhões. Não temos, comparativa e empresarialmente, passivos relevantes. O trabalho do Brasilinvest, há anos, continua garantindo novos empreendimentos, distribuindo renda, gerando empregos."
Jornalismo
"Nada devo, portanto, aos olhos da Justiça e da sociedade. Admiro a liberdade de expressão, o jornalismo e, acima de tudo, a verdade. Liberdade e responsabilidade são sentimentos que preservam a democracia que todos defendemos. Veículos de comunicação, porém, mantêm arquivos desatualizados, penalizando, muitas vezes, pessoas e empresas que merecem respeito. A razão da injustiça é, talvez, a desinformação de alguns ou o preconceito e a má-fé de outros. A cada nova iniciativa empresarial que assumo, normalmente positiva, sou perguntado sobre o 'Caso Brasilinvest', produto de uma reportagem leviana e irresponsável, feita em 1985. Há quem queira, certamente, renovar prejuízos e sofrimentos, fato inaceitável, como se verá aqui.
Este depoimento, com o título 'Caso Brasilinvest', é a minha resposta pública, baseada na Justiça, e aberta a todos, jornalistas ou concorrentes. Vou oferecê-lo a cada um que perguntar sobre o tema. Respeitei, respeito e respeitarei a Justiça. Quero, naturalmente, que meu Direito seja respeitado frente a eventuais preconceitos. A má-fé, se houver, venha de onde vier, não pode persistir. Precisa ser responsabilizada. Meu depoimento público reproduz a verdade da Justiça."
Violentado
"O Brasilinvest S.A. Banco de Investimento foi violentado. A transferência do controle acionário da NEC do Brasil, motivada pelas circunstâncias, é só um dos exemplos desse episódio lamentável. O banco foi violentado, reafirmo, por uma opção política, baseada em reportagem leviana, desmentida pelos fatos, certamente arquivada e desatualizada, capaz de causar novos prejuízos. Sua liquidação extrajudicial foi decretada, em 1985, antes mesmo, e muito antes, do término do inquérito administrativo do Banco Central. O quadro econômico do Brasil, na época, levou a empresa e tantas outras instituições financeiras a uma situação de iliquidez temporária. Mas o Brasilinvest detinha elevados créditos contra o governo federal."
Sem insolvência
"Não, o Brasilinvest nunca esteve em estado de insolvência, tanto que pagou com seus ativos financeiros todos os credores. Pagou todos e ficou ainda com substancial ativo financeiro positivo. Basta lembrar que o liquidante José Paulo de Souza reconheceu erro no primitivo relatório. Mais: o Brasilinvest não era devedor de um centavo sequer aos cofres públicos. O liquidante também informou, em interpelação judicial, que não foram encontradas omissões contábeis nas contas do banco e, consequentemente, não houve delito contra o Sistema Financeiro Nacional, denunciado contra o Brasilinvest e seus diretores. Portanto, foram absolvidos por sentença transitada em julgado.
A irresponsável reportagem da época, em ameaçador arquivo, denuncia como fantasmas outras empresas. Nenhum delito, mais uma vez, foi apurado, agora pelo inquérito da Polícia Federal. A então procuradora-geral da República em exercício, dra. Márcia Domitila, de São Paulo, afirmou, no inquérito, que não existia falsidade apta a embasar uma denúncia."
Sensacionalismo
"O ministro do Supremo Tribunal Federal, Célio Borja, ex-ministro da Justiça, ao relatar a decisão no Habeas Corpus número 66.492-0, referente ao processo, declarou que, em verdade, atendendo a interesses meramente políticos, fez-se, na época, sensacionalismo sobre o assunto. 'Tudo, porém, cingiu-se a um momentâneo escândalo jornalístico, sem qualquer reflexo no Sistema Financeiro...', acrescentou.
O ministro Célio Borja afirmou ainda que, em agosto de 1987, passados pouco mais de dois anos da inusitada liquidação extrajudicial, o balanço feito pelo liquidante do banco revelou uma situação superavitária. Fui absolvido, assim, da imputação que me foi feita de prática de delito contra o Sistema Financeiro Nacional.
A mesma absolvição fez justiça a todos os outros acusados no "Caso Brasilinvest". Apesar dos graves prejuízos causados, o processo é nulo e ilegítimo desde a denúncia, inclusive ela.
Voltar ao assunto é atacar nossa credibilidade, recuperada na Justiça após intensa campanha difamatória. O Grupo Brasilinvest, que fundei e tenho a honra de dirigir, está atuante, vivo. Opera com parceiro nacionais e internacionais, que o respeitaram e o respeitam. É a manifestação de confiança que tem meu eterno agradecimento. Talvez, algum dia, um livro possa retratar os bastidores de tamanha violência. Só isso. Nada mais tenho a falar sobre o 'Caso Brasilinvest'."

Texto Anterior: Garnero quer esquecer o passado
Próximo Texto: Grupo tem 80 sócios em 16 países
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.