São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
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Vencedor deste ano desfila pela escola há 30 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

Os três paulistanos que fizeram o samba da Mangueira dividem-se entre o trabalho e o amor ao samba. Dois trabalham com comércio internacional.
O administrador de empresas Nélson Scipai, 53, dono da Cronos Transporter Forwarder, desfila há 30 anos defendendo as cores da Mangueira na ala dos boêmios. "Fui assistir algumas vezes ao desfile do Rio e resolvi desfilar. Não parei mais", diz.
Csipai costuma se apresentar nas noites paulistanas acompanhando ao violão o grupo Relíquia, de samba e pagode. O Relíquia é ligado à escola de samba Leandro de Itaquera, de São Paulo.
O assistente comercial Herivaldo Villas Boas, 29, trabalha em uma importadora, na região da avenida Paulista (região central).
Villas Boas -que também desfila pela Mangueira há oito anos- é dirigente, em São Paulo, da escola Imperador do Ipiranga.
Ele não tem formação musical e sua participação no samba vencedor limitou-se a algumas sugestões na letra.
Foi ele, entretanto, que articulou o contato entre os mangueirenses "de coração" e o principal compositor do grupo, o músico Nelson Dalla Rosa, 39.
Dalla Rosa já compôs 58 sambas para escolas de São Paulo, em 21 anos. Atualmente, é o puxador de samba da escola Morro da Casa Verde, que defende as cores verde e rosa na cidade. Nunca concluiu o curso de administração de empresas, que fez até o segundo ano.
Responsável pela estrutura do samba vencedor, ele trabalha profissionalmente como compositor.
Com a sinopse do enredo sobre Chico Buarque nas mãos, Dalla Rosa fez o esboço do que seria o samba vencedor.
"Preferi uma coisa interpretativa a uma descritiva", diz.
Csipai, Villas Boas e Dalla Rosa já haviam apresentado um samba candidato na Mangueira no ano passado, com outro parceiro. O samba chegou às semifinais do concurso, mas não venceu.
"A Mangueira é universal", resume o compositor Nelson Dalla Rosa.
Para ele, não há polêmica sobre o fato de os autores do samba vencedor serem paulistas. "Todo mundo na escola adorou. Após a vitória, o morro da Mangueira inteiro cantou o nosso samba", diz.
Dalla Rosa afirma estar tendo o apoio de dona Zica, dona Neuma e Jamelão, mangueirenses históricos.
"O nosso samba é bom, por isso foi o vencedor", diz.
O compositor também argumenta que seus parceiros, apesar de paulistas, já desfilam pela Mangueira há anos.
Todos os finais de semana os três seguem para o Rio, em um ônibus fretado, para acompanhar os ensaios da escola.
Junto com eles, no ônibus, vão a família e os amigos.
Para o empresário Nelson Csipai, a polêmica também não existe. "A gente vê nos jornais, mas quando vamos para a escola todos tratam a gente com o maior carinho", diz.
Csipai disse ter ficado orgulhoso com a escolha do samba. "Em termos de música a Mangueira é a melhor coisa que existe. Ser o autor do samba foi a maior felicidade que podia acontecer para mim."

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