São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 1997
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KPMG e Ernst & Young anunciam fusão

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de assessorarem milhares de fusões ao redor do mundo, as grandes empresas de consultoria decidiram seguir os passos dos seus clientes.
A KPMG e a Ernst & Young anunciaram ontem uma fusão que criará a maior firma de auditoria e consultoria do mundo, com faturamento anual de US$ 18 bilhões.
Há um mês, duas outras gigantes do setor, a Coopers & Lybrand e a Price Waterhouse, também anunciaram sua associação. Até ontem, ocupavam, virtualmente (a fusão só se concretiza em 98), a primeira posição do ranking, com faturamento de US$ 13 bilhões.
"Nosso movimento foi empurrado pelo de nossos clientes. Precisamos nos aparelhar para serví-los melhor onde quer que eles estejam presentes", disse o presidente da KPMG no Brasil, Alceu Landi.
"A recente fusão de nossos concorrentes acelerou o processo, embora as negociações sejam antigas", afirmou o presidente da Ernst & Young, George Roth.
A meta é concluir a junção das atividades até o final deste ano.
Juntas, KPMG e Ernst & Young estarão presentes em 151 países, terão 12,8 mil sócios e 163,2 mil funcionários (incluindo sócios).
A união entre Price e Coopers criou uma empresa menor, com 135 mil funcionários, entre os quais 8,5 mil sócios.
A excelente complementação geográfica entre Price (mais forte na América Latina) e Coopers (Europa) não se repete no caso da união entre Ernst e KPMG. Haverá uma série de consolidações.
"No Brasil, das 13 cidades em que estamos, seis coincidem. Uniremos os escritórios", disse Landi.
Os executivos descartam que o processo de consolidação leve a cortes de funcionários. "Vamos contratar e não demitir", afirmou Landi. Segundo ele, um dos motivos que motivou a fusão é a escassez de profissionais qualificados na área. "Agora deixaremos de concorrer por eles".
"A Ernst é forte em energia, enquanto a KPMG é forte em seguros, por exemplo", disse ele.
A fusão não envolveu pagamentos. Foi o que os executivos chamaram de uma "fusão de iguais". As duas empresas têm praticamente o mesmo faturamento.
O sistema de administração da empresa refletirá esse equilíbrio de forças. No comando da firma nos Estados Unidos estará Philip Laskawy, da Ernst. No ano 2.000 ele será substituído por Stephen G. Butler, da KPMG.
O "chairman" da área internacional será Colin Sharman, da KPMG, enquanto o principal executivo abaixo dele será Michael Henning, da Ernst.
As empresas estimam que cerca de um terço das companhias de capital aberto do mundo são suas clientes.
Após as fusões, o terceiro lugar do ranking mundial será ocupado pela Andersen World Wide (que reúne Arthur Andersen e Andersen Consulting), e o quarto, pela Deloitte Touche Tohmatsu.
Alceu Landi acredita que podem surgir novas fusões no setor.
"Mas, quando as 'big six' se reuniam no passado, imaginava-se que na virada do milênio haveria espaço para quatro grandes empresas no mercado. E é o que estamos vendo agora", afirmou Roth.
No Brasil, a nova empresa terá 90 sócios, 1,9 mil profissionais, 2,5 mil clientes e um faturamento anual de US$ 130 milhões.
Ainda não está decidido qual será a estrutura administrativa da firma no país.

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