São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
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Moradores são prejudicados

DANIEL NASCIMENTO DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores do edifício Viadutos, na praça General Cravero Lopes -em frente à Câmara Municipal- foram os mais prejudicados com a manifestação.
Segundo José Dilela, subsíndico do prédio, por causa do isolamento feito em volta da Câmara Municipal, os 27 carros que estavam na garagem ficaram impossibilitados de sair durante todo o dia.
"Minha mulher teve de levar minha filha a pé para escola e, de lá, ir para o trabalho", conta Dilela.
A garagem do prédio tem saída para a rua Jacareí que, além de estar dentro do cordão de isolamento, ficou repleta de manifestantes.
O escrivão Silas dos Santos, 44, que mora em um edifício na rua Japurá, próxima à Jacareí, disse que seria obrigado violar a lei.
"Já tive problemas para entrar na garagem ontem (anteontem). Hoje, vou sair pela contramão."
Com o isolamento, pessoas e carros ficaram impedidos de circular pelas duas vias do viaduto Jacareí, entre as ruas Santo Antônio e Santo Amaro. Mesmo assim, alguns idosos e gestantes conseguiram furar o bloqueio.
"Moro na rua Japurá e pedi ao policial que me deixasse passar. Por causa da minha idade, ele abriu uma exceção", disse Alzira Cruz, 60, que voltava das compras em um supermercado da região.
Mário da Silva, 75, que estava a caminho de um escritório de advocacia, também conseguiu furar o bloqueio com facilidade. Algumas gestantes que passaram pelo local foram escoltadas por policiais ao atravessarem o cordão.
"Não recebemos ordem para agir dessa forma, mas, se a pessoa acha necessário, acompanhamos", disse uma PM que não se identificou.
O comércio da região também foi prejudicado.
Marly Rodrigues, 52, trabalha em uma loja de consertos de eletrodomésticos na rua Santo Amaro. Segundo ela, as portas foram fechadas por prevenção.
"Não tenho nada contra a manifestação, mas é que tem muito perueiro aqui desde ontem. Depois de umas 'pinguinhas', tudo pode acontecer", explicou Marly.
A agência dos Correios, também na Santo Amaro, teve o movimento reduzido 70%. O proprietário Romecildo Tonia, 37, indignado, disse que as portas seriam fechadas por falta de segurança.
"Enquanto os vereadores estão do outro lado protegidos, o pepino sobrou para nós, do lado de cá."

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