São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ambientalistas viram acionistas da Vale

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Amda (Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente) está inaugurando uma nova forma de ação contra as empresas que considera agressoras ao ambiente.
Uma das principais ONGs (organização não-governamental) atuando em defesa do meio ambiente em Minas Gerais, a Amda começou a comprar ações com direito a voto de empresas a fim de levar suas reivindicações para as assembléias de acionistas.
No último dia 8, a associação comprou ações da Companhia Vale do Rio Doce.
A partir de agora, os ambientalistas vão trabalhar internamente na empresa, buscando apoio dos acionistas da ex-estatal para reparar danos ambientais em Minas Gerais provocados pela mineração e o transporte ferroviário, principais áreas de atuação da Vale no Estado.
Dalce Maria Ricas, presidente da ONG mineira, disse que essa posição foi tomada após muita discussão com as empresas, com poucos resultados práticos.
"Há quatro anos estamos dialogando e cobrando ações da Vale, mas é muito complicado. A Vale até hoje não tem um sistema de gestão ambiental no Estado", afirma Dalce.
Ela acredita que, agindo junto aos acionistas da empresa, os resultados serão melhores. "Seremos ouvidos por pessoas que podem influir nas decisões da empresa. Essas pessoas que vão ouvir podem também pressionar", diz.
Participação quase nula
A Amda gastou R$ 53 para adquirir as ações ordinárias, o que representa uma participação quase nula no percentual do capital votante da Vale.
"Para irmos participar das assembléias, no Rio, vamos gastar muito mais do que os R$ 53. Mas o nosso principal objetivo é poder falar para a assembléia de acionistas", diz Dalce.
Segundo ela, a Amda já estuda a participação em outras empresas com atuação em Minas Gerais que também criam problemas ambientais com suas operações.
Dalce não cita nomes, mas diz que as empresas de agrotóxicos estão sendo visadas pelos ambientalistas.
"Estamos inaugurando uma nova forma de ação. É a evolução da luta da sociedade e a ampliação do painel ambiental. Hoje não tem sentido ficar apenas discutindo o direito ao verde."
A Amda ganhou fama em Minas na década de 80, quando começou a publicar anualmente a "Lista Suja", que tem o objetivo de mostrar à sociedade as dez empresas ou órgãos públicos que mais poluem no Estado.

Texto Anterior: Fátima Bernardes dá à luz trigêmeos
Próximo Texto: Para Vale, Amda 'pode esbravejar'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.