São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
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Ministério Público vê inconstitucionalidade

MAURICIO ESPOSITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal em São Paulo afirma que a portaria do Ministério das Comunicações -restringindo a transferência de telefones a partir de 1º de novembro- é inconstitucional.
"A portaria fere direitos adquiridos do atual proprietário e só poderia ser considerada válida para as linhas entregues após 1º de novembro", afirmou o procurador André de Carvalho Ramos, do Ofício de Defesa do Consumidor.
Segundo a portaria do governo federal, as linhas existentes atualmente poderão ser vendidas apenas mais uma única vez após 1º de novembro.
O procurador enviou ontem um ofício ao Departamento Jurídico do Ministério das Comunicações alertando para a inconstitucionalidade da portaria e pedindo revisão da mesma.
Segundo o procurador, se o Ministério das Comunicações não mudar a portaria até o final desta semana, o Ministério Público irá iniciar uma ação civil pública pedindo a suspensão da mesma.
Os efeitos de uma ação civil pública são válidos para todos os proprietários de telefones. Dessa forma o Ministério Público Federal quer evitar uma enxurrada de ações judiciais individuais.
A disputa jurídica entre empresas do mercado paralelo de telefones e o Ministério das Comunicações teve início ontem.
O advogado Rogério Auad Palermo, do escritório Balzano & Palermo, entrou com uma ação cautelar com pedido de liminar na Justiça contra os efeitos da portaria.
Ele está representando dez empresas corretoras de telefone.
O Sincotel (Sindicato das Empresas Corretoras de Cessão de Direitos de Uso de Linhas Telefônicas do Estado de São Paulo) também deverá entrar entre hoje e amanhã com ação na Justiça Federal contra a portaria.
Portaria mantida
A assessoria de imprensa do Ministério das Comunicações afirmou ontem que a portaria não será alterada por causa da avaliação do Ministério Público Federal de São Paulo.
Segundo a assessoria de Sérgio Motta, o ministro "já esperava por reações contrárias".
Motta disse ainda, segundo a assessoria, que "o ministério age em função do benefício do país, não em função do mercado de especuladores".
O ministro afirmou que "a democracia é assim, entra na Justiça quem quiser". Ele também atacou os corretores: "Os especuladores deveriam ser apedrejados".

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