São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 1997
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Estresse afeta altura

GILBERTO DIMENSTEIN

Excesso de conflitos familiares provoca tamanha carga de estresse que chega a comprometer o crescimento físico de uma criança.
Pesquisadores patrocinados pelo governo britânico acompanharam desde 1958 até agora 6.574 pessoas, todas nascidas na mesma semana.
Coordenados por cientistas da Faculdade de Medicina de Londres, os pesquisadores detectaram que crianças de famílias em crise, marcadas por divórcios e ambientes tensos, tendiam a ter menor altura, comparadas com a média.
Eles levantam a tese de que o estresse afeta o fluxo normal de hormônios responsáveis pelo crescimento. Apenas o sono conturbado, segundo eles, já afetaria esse fluxo, o que seria verificável em animais nos laboratórios.
Não é o pior.
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Segundo o estudo, o pior é que a química do estresse afetaria regiões do cérebro ligadas à memória e ao aprendizado.
Portanto, haveria danos no desempenho escolar. Logo, no emprego. Esse efeito o estudo inglês detectou naquele grupo, agora adulto.
Munidos de máquinas capazes de fotografar como nunca o cérebro, neurologistas americanos conseguem ver por meio das fotos as áreas danificadas.
As manchas nas fotos computadorizadas produziram tamanho impacto que fizeram políticos e educadores nos EUA colocar como prioridade conscientizar os adultos.
Ou seja, educar os pais sobre a importância de determinados cuidados. Entre eles, conversar com os bebês, num processo contínuo de estímulo.
E, especialmente, evitar os mais variados tipos de conflito e violência doméstica. A começar pela autoviolência. Bebidas, cigarro e drogas durante a gravidez, por exemplo.
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Daí dependeria, em parte, a performance na escola. Por tabela, a criação de trabalhadores produtivos.
Não por acaso empresas gigantes, como a rede de televisão ABC ou a AT&T, estão patrocinando campanhas de esclarecimento, envolvendo os novos conhecimentos de neurologia. O que parece utopia no Brasil, aqui virou tema emergente.
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PS - Domingo passado essa coluna mostrou como as novas descobertas científicas defendiam a relação entre prazer e saúde, desfazendo uma série de mitos.
Estudos divulgados ontem sobre um ingrediente chamado licopene, encontrável, por exemplo, no tomate, deram um novo status à macarronada al sugo ou à pizza. São apontados agora como um bom antídoto contra câncer e ataques cardíacos. Mais: o licopene está também, imaginem só, na lagosta. Melhor ainda, se acompanhado por dois copos de vinho. As mães italianas, como se vê, chegaram na frente dos cientistas. Para quem quiser mais detalhes, coloquei um resumo do estudo sobre o licopene em português no seguinte endereço: www.aprendiz.com/

E-mail: gdimen@aol.com

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