São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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Perueiros não falam com Pitta

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os perueiros que passaram a madrugada de ontem em frente à Prefeitura de São Paulo, no parque D. Pedro (centro), perderam a hora e não conseguiram falar com o prefeito Celso Pitta. Eles devem continuar acampados no local hoje.
O prefeito, que inaugurou ontem, às 9h, no pátio do Palácio das Indústrias, "o Síndico" -um escritório móvel da Cohab, adaptado em um ônibus, para atender aos moradores dos conjuntos habitacionais- não foi visto pelos 15 perueiros que estavam em frente à prefeitura naquele momento.
Pitta acabou ficando escondido entre o ônibus, que tinha um toldo azul armado na entrada, e as escadarias do palácio.
A manifestação cresceu durante a tarde e chegou a registrar, segundo a PM, a presença de mil perueiros por volta das 17h, quando Pitta estava em Brasília, onde teria audiências com os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Antonio Kandir (Planejamento).
O perueiro Gilvan Fagundes de Melo, 28, que chegou anteontem, às 23h, ao Palácio das Indústrias, não sabia, às 11h, que o prefeito estivera perto dele.
"Não cheguei a ver o prefeito. Acho que foi na hora em que eu estava dormindo", disse.
Às 17h30, o tenente-coronel Osvaldo de Barros Jr., da assistência militar do palácio, solicitou aos perueiros que deixassem o parque e criassem uma comissão para agendar uma data com um representante da prefeitura.
Os perueiros não aceitaram a proposta e afirmaram que continuariam acampados no parque até serem atendidos. Até as 19h de ontem, eles continuavam no local.
Pitta, em entrevista coletiva, disse ontem que não deve se pronunciar sobre as decisões tomadas pelos vereadores enquanto o Legislativo não definir a questão.
"Vamos aguardar com calma (as decisões do Legislativo) para então o Executivo se posicionar."
Os perueiros, que até anteontem protestaram na frente da Câmara, mudaram o local de protesto ontem. "Nos concentramos aqui (parque D. Pedro) porque o Pitta é o único que pode reverter o que já foi decidido", disse Leonilson Pereira da Silva, da Associação dos Transportadores em Autolotação do Estado de São Paulo (Assesp).
Pitta voltou a se manifestar ontem contra a extinção total do transporte alternativo. "É um exagero simplesmente eliminar todos os perueiros da cidade."

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