São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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Governo da Coréia intervém na Kia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Coréia do Sul decidiu intervir no Grupo Kia para evitar a falência do oitavo maior conglomerado industrial do país, que acumula uma dívida de US$ 10,4 bilhões.
O Banco de Desenvolvimento da Coréia do Sul, instituição financeira estatal, tornou-se acionista majoritário da Kia Motors, terceira maior montadora do país. A Asia Motors, outra fabricante de veículos do grupo, também está sob intervenção.
O Banco de Desenvolvimento da Coréia é um dos principais credores do conglomerado. Trocou parte da dívida que tem a receber por cerca de 30% das ações e está encarregado de elaborar um pacote de ajuda financeira para a montadora.
Ainda como parte do plano de salvação da Kia, o governo afastou a atual direção da empresa e vai nomear novos executivos, em comum acordo com o comitê de bancos credores, liderado pelo Korea First Bank.
A decisão foi anunciada ontem em Seul pelo ministro das Finanças, Kam Kyong Shik. Segundo o ministro, o controle da Kia pelo governo é "temporário".
O objetivo do governo é negociar as ações da Kia na Bolsa no início de 98 -após as eleições presidenciais marcadas para dezembro deste ano- e transferir o controle para outro grupo.
A Samsung, segundo maior conglomerado industrial sul-coreano, é o principal candidato para ficar com a Kia Motors. A Asia Motors deve ser vendida para a Daewoo.
Bolsa em alta
A decisão do governo sul-coreano foi bem recebida pelo mercado financeiro do país. O índice da Bolsa de Valores de Seul subiu 6,2%, a maior alta de toda a história.
As ações da Kia Motors subiram 8%. Também se beneficiaram os papéis de instituições financeira que têm dívidas a receber do Grupo Kia.
Os credores, que em julho deste ano haviam decidido suspender a renovação de créditos da Kia, anunciaram que vão fornecer dinheiro novo para o grupo.
A intervenção não agradou aos trabalhadores. Os 20 mil empregados da Kia Motors e da Asia Motors decidiram entrar em greve ontem para protestar contra a medida. Eles apóiam a atual direção da empresa e não concordam com a transferência da Kia para o controle da Samsung.
Ameaça de greve
A federação dos trabalhadores da indústria automobilística sul-coreana resolveu apoiar o movimento. A entidade, que tem 62 mil filiados, ameaça entrar em greve a partir da semana que vem.
O Grupo Kia, um conglomerado de 28 empresas, deixou de pagar suas dívidas em julho deste ano e ficou à beira da falência.
Os credores se recusaram a refinanciar o débito de US$ 10,4 bilhões e iniciou-se um processo de negociações para se chegar a um acordo. Os bancos exigiam o afastamento da direção e a venda imediata de várias empresas, entre elas, a Asia Motors.
O Grupo Kia recusou a alternativa. No início deste mês entrou com pedido de concordata. A direção foi mantida, mas os bancos se recusaram a fazer novos empréstimos. A Kia ganhou prazo de cinco anos para pagar a dívida e se comprometeu a vender 23 das suas empresas. A intervenção do governo veio menos de 30 dias depois.

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