São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça condena Elminho a 7 anos de prisão

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ex-investidores Elmo de Araújo Camões Filho, o Elminho, e Roberto Robillotta Filho foram condenados ontem a sete anos, dez meses e 15 dias de prisão em regime semi-aberto por crimes contra o sistema financeiro e a economia popular.
Ricardo Thompson, também acusado no processo criminal, foi absolvido.
A sentença foi dada pelo juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo. Sanctis estipulou ainda multas baseadas no salário mínimo de junho de 89, quando aconteceram os crimes: Camões foi multado em 185 salários, mais as correções do período. Robillotta terá que pagar 92 salários, também corrigidos.
Os ex-investidores poderão recorrer em liberdade.
Elminho e Robillotta foram condenados por manipular a cotação de ações por meio de sucessivas operações de compra e venda no mesmo dia e que eram financiadas com crédito bancário.
Sem fundo
Em 89, Elminho era diretor da corretora Capitânea e seu pai, Elmo Camões, diretor do Banco Central. Robillotta atuava como operador especial da Bolsa de Mercadorias e Futuros.
Na semana passada, o ex-investidor Naji Nahas foi condenado pela 25ª Vara Federal no Rio a 24 anos e oito meses de prisão pelo mesmo motivo. Mais sete pessoas, entre elas o ex-presidente da Bolsa de São Paulo, Eduardo da Rocha Azevedo, foram condenadas a penas que variam de sete a nove anos de prisão.
Por ser apontado como mentor da especulação, Naji acabou dando nome ao escândalo de junho de 89, que ficou conhecido como "Caso Nahas".
O estopim do caso aconteceu no dia 9 de junho de 89, quando um cheque de NCz$ 38,9 milhões (moeda da época) da corretora Selecta, de Nahas, foi devolvido. A devolução causou uma quebradeira em cadeia de corretoras que operavam com Nahas.
"D + zero"
O cheque apareceu depois que bancos e corretoras se recusaram a cobrir operações do investidor conhecidas como "D + zero" (ver texto abaixo).
Três dias depois, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula e fiscaliza o mercado financeiro, determinou um recesso de 24 horas nas Bolsas do país para dar início às investigações.
Na época, o relatório final da CVM acusou Nahas, Elminho e outros investidores de manipular o preço de ações, principalmente as da Vale do Rio Doce e da Petrobrás.
A Folha tentou contatar os condenados, mas não conseguiu localizá-los até as 22 horas de ontem.

Texto Anterior: Nahas diz que vai estar no Rio na segunda
Próximo Texto: Entenda a operação "D + zero"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.