São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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Dedicação

CARLOS SARLI

O australiano Mark Occhilupo, 31, ratificou no Rio a vice-liderança no ranking mundial de surfe. Sobrou em todas as baterias para chegar invicto à final.
Mostrou por que foi o único a ameaçar, ainda que discretamente, a hegemonia de Kelly Slater durante a temporada.
Após quatro anos afastado do tour, afundado nas drogas e no álcool, chegando a engordar mais de 20 quilos, Occy voltou em 96 disputando o qualifying (WQS). Conquistou a vaga e começou o ano na 41ª posição.
O vice-campeonato, posição que provavelmente manterá após a derradeira etapa de Pipeline, é, portanto, um prêmio à sua dedicação.
É também um exemplo para os outros 42 atletas, dos veteranos ex-campeões mundiais aos garotos estreantes, que a cada início de ano têm a pretensão de chegar ao título. Occy não foi tão longe, mas ao menos suavizou a monotonia da certeza de vitória que Slater representa.
Com a habitual inclinação dos brasileiros de torcer pelo mais fraco, as 15 mil pessoas que acompanharam a final do Kaiser Summer Surf deixaram de lado a merecida e constante idolatria ao pentacampeão durante todo o evento para vibrar e se indignar a favor do australiano.
Até pouco tempo, as pessoas que acompanhavam um evento de surfe eram divididas entre fãs deslumbrados, interessados ocasionais, perdidos em meio à multidão, e os envolvidos com o esporte. Com exceção desses últimos, ninguém sabia o que se passava na água.
A imediata reação do público à divulgação da nota de uma onda decisiva de Occy subavaliada mostrou que a participação e o entendimento do surfe pelo público mudou, o que é fundamental para o esporte.
De resto, a vitória de Slater coroou um evento de organização impecável, com altas ondas, e que só não foi melhor porque os resultados dos brasileiros ficaram aquém das expectativas.

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