São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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Mostra revela pioneiros da arte eletrônica

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Só os iniciados sabem: a arte eletrônica brasileira existe desde o final dos anos 60. Em 1968, num computador do departamento de Física da USP, o artista concretista Waldemar Cordeiro transformava fotos em quadros praticamente abstratos, formados por conjuntos de pontos impressos em papel.
A partir de hoje, 27 dessas obras estarão reunidas na exposição "Precursor e Pioneiros Contemporâneos", no Paço das Artes, juntas pela primeira vez depois da morte de Cordeiro -por ataque cardíaco-, em 1973.
No total, a exposição é formada por 46 obras, que representam o "núcleo histórico" da produção brasileira na área, segundo a curadora e diretora do Paço das Artes, Vitoria Daniela Bousso.
São trabalhos dos "pioneiros contemporâneos", como Iole de Freitas, Ana Bella Geiger e Mario Ramiro, que produzem desde os anos 70. Para Cordeiro, fica o título solitário de "precursor".
Reverenciado como o pai dos artistas eletrônicos brasileiros, Cordeiro é o criador do termo "Arteônica", para designar a arte que "não só transforma a natureza da imagem transposta, como a oferece a uma fruição muito mais ampla e diferenciada".
Entre os argumentos de sua teoria sobre o uso dos computadores com finalidade artística está a noção de que é preciso uma arte que responda às necessidades de comunicação da sociedade contemporânea. Uma das consequências disso seria a ampliação do alcance da obra, o encurtamento de barreiras geográficas, já que um quadro, por exemplo, só pode ser visto por uma quantidade reduzida de pessoas.
Para realizar seus trabalhos, Cordeiro pesquisava em conjunto com o professor Giorgio Moscati, utilizando o conceito matemático de função derivada, cuja definição é: "A derivada de uma função é uma nova função com muita informação sobre as propriedades da função original". Essa espiral era repetida várias vezes até a obtenção do resultado final.
A exposição traz ainda instalações inéditas dos artistas José Wagner Garcia, Marco do Valle, Walter Silveira e Mario Ramiro, radicado em Dusseldorf.
Esse último traz uma série de oito fotos realizadas com novos recursos tecnológicos.
Freitas, Geiger e Analívia Cordeiro -filha de Walter- terão vídeos exibidos, representando o início das pesquisas com novas mídias. Analívia faz também a performance "Striptease", no evento de abertura hoje.
Será mostrada ainda uma série de cinco vídeos de Paulo de Laurentiz, artista morto em 1991. "Esse é um trabalho muito importante e ainda desconhecido do grande público", afirmou Vitoria.
Outras duas video-instalações fazem parte da exposição, de autoria dos artistas Simone Michelin e Arthur Omar.

Exposição: Precursor e Contemporâneos
Abertura: hoje, às 20h, com a performance "Striptease", de Analívia Cordeiro, às 22h
Quando: de amanhã a 30 de novembro, das 13h às 20h, sábados, das 9h às 15h
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, Cidade Universitária, tel. 011/813-3627)
Quanto: entrada gratuita

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