São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 1997
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Pol Pot diz que não se arrepende

Far Eastern Economic Review
de Hong Kong

DO "FAR EASTERN ECONOMIC REVIEW"

O ex-líder do Khmer Vermelho Pol Pot, 72, declarou, na primeira entrevista que concedeu desde 1980, que não está arrependido pelo genocídio cometido sob suas ordens no Camboja. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas tenham morrido sob seu regime (1975-79).
"Eu conduzi uma luta. Não estava apenas matando pessoas. Por acaso você me vê como um selvagem? Minha consciência está limpa."
A entrevista exclusiva foi dada na semana passada ao jornalista inglês Nate Thayer, no acampamento de Anlong Veng, numa parte da selva controlada pelo Khmer. Thayer havia localizado o dirigente em julho. Na época, Pot não quis dar declarações.
Na entrevista, que estará na edição desta semana da revista, Pol Pot assume ter mandando matar o ex-ministro da Defesa Son Sen e sua família. "Os bebês e as crianças não mandei matar. Mas o resto, sim."
Após o assassinato, foi julgado por um "tribunal popular" do Khmer e condenado a prisão domiciliar. Pol Pot está muito doente. Passa os dias na cama, com a esposa e a filha de 12 anos.
O Khmer anunciou que entregaria Pol Pot para um tribunal internacional se o premiê cambojano, Hun Sen, também fosse julgado por seus crimes.
Pol Pot atribui aos "agentes vietnamitas" as mortes de civis. Ele foi deposto no final de 78, quando tropas do Vietnã invadiram o Camboja. O ex-líder negou a existência do centro de tortura da escola Tuol Sleng, conhecido matadouro de pessoas de seu regime. "É um exagero dizer que morreram milhões".

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